Atualmente o novo e o velho se confundem, a moda vem e vai e eu ainda me surpreendo como problemas do passado ressurgem com a mesma intensidade dos novos.
Estamos atravessando um momento turbulento relacionado ao “novo” Coronavírus, e depois de ser questionada por algumas pessoas sobre o termo “novo”, pensei em escrever sobre o “velho”, já que os vírus da família Coronaviridae são velhos conhecidos e causam doenças em cães, felinos e também nas aves a bastante tempo.
Estamos nos aproximando do inverno, uma época bastante propícia para o aparecimento de problemas respiratórios nas aves, principalmente aqueles causados pelo vírus da Bronquite Infecciosa (IBV), que é um Coronavírus, e por ser altamente contagiosos, as práticas de biosseguridade são armas valiosas para conter a sua disseminação, em aves, cães ou mesmo humanos.
A população vive um momento de aprendizado em práticas de biossegurança, práticas que na avicultura já são, ou pelo menos deveriam ser, parte do dia a dia da granja, visto esta prática é eficiente não apenas para conter a disseminação de vírus, mas também de outros agentes infecciosos como a Salmonella, por exemplo.
Apesar das vacinas conferirem uma boa proteção contra o IBV, este vírus apresenta pequenas espículas estruturais em sua superfície que os diferenciam, e alterações sutis nestas estruturas promovem o aparecimento de cepas variantes. Estas mutações surgem diariamente, porém poucas são estáveis ou mesmo importantes, do ponto de vista epidemiológico ou de Saúde Animal.
Devido a estas variações, além da vacinação, as práticas de biossegurança, são fundamentais para conter a disseminação do vírus que é rápida e fácil. Esta prática também colabora para diminuição do aparecimento de cepas variantes, visto que diminui a taxa de replicação viral, e quanto menos o vírus se replica, menos mutações ocorrem.
Outro fato, oriundo desta velocidade de disseminação lateral do IBV, é a “rolagem”. Quando temos erros no processo de vacinação, principalmente relacionados a distribuição desuniforme da vacina, a replicação desordenada do vírus vacinal, pode provocar sintomas respiratórios, que podem se agravar e resultar em necessidade de tratamento, principalmente devido a infecções secundárias por E. coli.
Assim como acontece nas criações industriais, a população está se concentrando, e as práticas de biosseguridade estão se tornando cada vez mais relevantes, e devem provocar mudanças no comportamento e também no dia a dia das pessoas. Hábitos como lavar as mãos, trocar de roupa, etc, se tornarão mais presentes, não só na prática veterinária. Vamos usar as armas do “velho” IBV contra este “novo” Coronavirus.