China alertou a indústria suína do país que encobrir casos de peste suína africana é um crime, dias depois de um porco ter sido encontrado morto em uma praia de Taiwan, levando Taipé a alegar que Pequim não estava compartilhando informações precisas sobre a doença.
O departamento de pecuária e veterinária da China está intensificando a investigação e punição de atividades ilegais na indústria de suínos, disse um comunicado publicado no site do Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais nesta sexta-feira.
Deixar de relatar mortes e abater privadamente e vender porcos doentes ou mortos será considerado um crime, disse a pasta, e a indenização de 1.200 iuanes (175 dólares) para cada suíno abatido é um incentivo suficiente para os agricultores denunciarem a doença.
Na pior epidemia da doença já vista, a China confirmou cerca de 100 casos de peste suína africana em 23 províncias desde agosto do ano passado. A doença, para a qual não há cura nem vacina, é mortal para os porcos, mas não prejudica as pessoas.
Mas muitos especialistas acreditam que é ainda pior do que o relatado, e o presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, instou Pequim no mês passado a “não ocultar” informações sobre a doença.
Surto em propriedade com 73 mil suínos
A China registrou um surto de peste suína africana em uma grande fazenda de suínos de propriedade de um fundo de investimento dinamarquês, mostrando a propagação do vírus para propriedades industriais modernas em que se esperava haver melhores níveis de prevenção de doenças.
O surto ocorreu em uma fazenda que possui 73 mil suínos na cidade de Suihua, no nordeste da província de Heilongjiang, de propriedade da Heilongjiang Asia-Europe Animal Husbandry, uma empresa criada em 2016.
O rebanho da fazenda incluía 15 mil porcos reprodutores, de acordo com o site da empresa, e a expectativa era uma produção de 385 mil porcos para abate por ano. Cerca de 4,6 mil suínos foram infectados e 3,7 mil animais morreram, informou o Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais na quarta-feira. Sob a regulamentação atual, todos os animais em fazendas infectadas devem ser abatidos.
A fazenda é a maior a ser atingida pela doença, que já infectou quase 100 fazendas em toda a China desde agosto de 2018 e vem se espalhando mais rápido do que em qualquer outro país até o momento.
Mais de 200 mil suínos em fazendas infectadas foram sacrificados, de acordo com uma contagem de dados oficiais, enquanto centena de milhares mais nas proximidades também morreram.
A China tem a maior quantidade de suínos do mundo e a rápida disseminação da peste suína africana prejudicou o comércio de carne suína do país, a carne mais popular na nação, interrompendo a oferta e elevando os preços em algumas áreas.