As exportações brasileiras de carne peru foram o destaque negativo entre as principais proteínas de origem animal no primeiro quadrimestre de 2019. O país embarcou US$ 15,96 milhões nesse período. Na comparação com o acumulado de janeiro a abril de 2018, isso representa uma retração de 55,6%. Os dados são do Ministério da Economia.
Conforme os números da balança comercial, houve avanço 9,6% nos preços de carne de peru. O valor por quilo vendido foi de US$ 1,88. No entanto, o volume de carnes remessadas teve queda de 59,5%, totalizando 8.474,18 toneladas no período.
Já em 2018, as exportações de carne de peru haviam amargado queda de 17,9% na comparação com o ano anterior. Em valores, o Brasil remessou US$ 140,73 milhões em 2017 e, no ano passado, US$ 115,53 milhões.
A perda de exportações para o mercado europeu foi fator que mais contribuiu para queda. Em 2017, o Brasil enviava carne de peru para diferentes destinos, como Holanda, Suíça, Itália, Rússia, Reino Unido, Alemanha e Irlanda. Já no ano passado, apenas a Holanda, Suíça e Alemanha ainda apareceram na lista com participação importante nas exportações.
No acumulado deste ano, a Holanda voltou a importar quantidades significativas de carne de peru. Porém, houve queda forte nas remessas para México, Chile e Peru. Houve redução também nas exportações para a Arábia Saudita – afetada possivelmente pelo descredenciamento de frigorífico da BRF – e da Jordânia.
Dentro os principais estados brasileiros exportadores, houve mudança de posições. Santa Catarina era o principal exportador dessa proteína em 2018, seguido por Rio Grande do Sul e Paraná. Já no acumulado de janeiro a abril deste ano, o Rio Grande do Sul – onde está a produção da Seara – passou à frente e o Paraná não aparece na lista – a BRF suspendeu a produção e o abate de perus em Francisco Beltrão.
De acordo com José Antonio Ribas Júnior, presidente da Associação Catarinense de Avicultura, o Brasil possui apenas duas empresas que produzem e exportam carne de peru: a Seara – da JBS – e a BRF. Contudo, após a Operação Trapaça, a segunda foi descredenciada pela União Europeia e não pode mais exportar no momento.
Segundo ele, a situação pode mudar e as entidades do setor, junto com o governo federal, estão pleiteando a certificação da companhia. “Estamos trabalhando e vamos sofrer auditoria em junho ou julho da Europa, em alguns para renovação (da certificação) e outras empresas para reconquistar esses mercados”, ressalta Ribas Júnior.