O frango produzido no Paraná tem chegado à mesa dos chineses em um volume cada vez maior, a ponto de o Estado se firmar como o principal fornecedor de cortes congelados ao gigante asiático. Hoje, quase 85% dos produtos avícolas que a China importa sai de portos brasileiros. Mais da metade diz respeito a aves produzidas, abatidas e embarcadas no Paraná. E mais: os volumes e a receita, que vêm aumentando, tendem a fechar 2019 em patamares recordes.
No ano passado, o Brasil exportou o equivalente a US$ 799 milhões em cortes de frango à China. Neste ano, em apenas oito meses, o país já está perto de superar essa marca: foram US$ 738 milhões exportados, até agosto. Líder absoluto nos embarques de frango aos chineses, o desempenho do Paraná é ainda mais positivo. Só nos oito primeiros meses de 2019, o Estado já embarcou U$$ 371,5 milhões, o que corresponde a 14% a mais da receita obtida nos 12 meses de 2018.
Com essas cifras, o Paraná se consolida, hoje, como o responsável por mais da metade (mais precisamente, por 50,34%) da carne de frango que saem dos portos brasileiros com destino à China. Isso significa que o Estado tem peso duas vezes e meia maior que Santa Catarina, segundo colocado no ranking brasileiro. O Estado vizinho responde por 21,81% dos embarques de produtos avícolas ao país asiático.
“O Paraná é o principal produtor e exportador de carne de frango para a China, assumindo uma posição de destaque, em uma relação comercial muito importante. Hoje, 21% do frango que o Paraná produz vão para a China. Segundo principal destino, a Arábia Saudita, por exemplo, é o destino de 9,8% do que a avicultura do nosso Estado exporta”, observa Luiz Eliezer Ferreira, técnico do Departamento Técnico Econômico (DTE) da FAEP.
Escala crescente
Esse aumento das importações de carne de frango da China está relacionado, principalmente, a questões sanitárias. O país asiático enfrenta um surto de peste suína africana, que dizimou mais de 7 milhões de cabeças em toda a Ásia. Para compensar, os chineses têm ampliado as compras de proteína animal, seja de aves, suínos ou bovinos. Por outro lado, o gigante asiático atravessa um bom momento do ponto de vista econômico. A China é considerada a segunda maior economia do mundo, com um Produto Interno Bruto (PIB) de mais de 12 trilhões de dólares.
“Estamos com ótimas perspectivas para o frango brasileiro e, por consequência, para a avicultura do Paraná. A peste suína africana fez com que China venha aumentando as compras, fomentando um cenário positivo para as proteínas, de modo geral”, aponta Ferreira. “Leva um tempo até eles reporem o plantel. E a carne de frango tem uma vantagem: a ave está pronta para o abate em 45 dias. Na suinocultura, o período é de seis meses. A China é um ótimo mercado e temos que aproveitar o momento”, acrescenta.
Tendência
Os dados indicam que o aumento não se trata de um fenômeno pontual, mas de uma tendência. Desde 2013, as exportações de cortes de frango para o Paraná vêm crescendo ano a ano, tanto em volume embarcado, quanto em receita. A exceção foi 2016, quando ocorreu o pico, em que o Estado enviou à China o equivalente a 378,5 milhões de dólares.
“O ano de 2016 foi atípico, porque uma série de fatores [como problemas de sanidade, câmbio desvalorizado e crise no setor produtivo chinês] fez com que a China aumentasse muito as importações. Por isso, em 2017, as vendas do Paraná para os chineses retornaram a um patamar mais real, mas voltaram a subir nos anos seguinte, consolidando o aumento da importância deste mercado”, aponta Ferreira. Outro ponto reforça que, cada vez mais, o frango produzido no Brasil deve alimentar os chineses. Em setembro, seis novos frigoríficos brasileiros terem sido habilitados para exportar cortes ao país asiático. Quatro dessas plantas estão estabelecidas no Paraná.