De acordo com informações do Valor Econômico, a severa escassez de milho que atingiu os produtores de frangos e suínos do país em 2016 atrasou o plano de negócios da Alegra Foods em dois anos. Sociedade entre as cooperativas paranaenses Castrolanda, Frísia e Capal, o frigorífico de carne suína agora vislumbra faturar R$ 1 bilhão apenas em 2021.
“Vai demorar um pouco mais. Precisamos dos investimentos no campo”, disse ao Valor o superintendente da Alegra, Ivonei Durigon. De acordo com o executivo, os cooperados que fornecem suínos para a frigorífico para expandir a capacidade de suas granjas.
Sediada em Castro (PR), na região dos Campos Gerais, a Alegra entrou em operação comercial em meados de 2015, quando a quebra da safra brasileira que seria colhida no ano seguinte não estava no radar. Na estreia, o frigorífico abatia 2,1 mil suínos ao dia.
Àquela altura, a empresa paranaense projetava elevar gradualmente os abates, alcançando 4,6 mil animais por dia em 2019. No entanto, a escassez de milho atingiu a suinocultura em cheio. Ante a disparada do preço da ração, muitos produtores independentes – aqueles que não têm contratos de longo prazo com as grandes indústrias e que não são associados a cooperativas – deixaram a atividade, disse Durigon.
Em meio à crise e ao sentimento de “insegurança”, os cooperados pisaram no freio, reconheceu o superintendente da Alegra. Por causa disso, as metas foram revistas. Originalmente, a companhia projetava faturar R$ 600 milhões em 2016, mas as vendas renderam só R$ 371,2 milhões no período.
Nesse cenário, a Alegra também levará mais tempo para recuperar o investimento feito pelas cooperativas na construção do frigorífico. “Se consideramos os três anos de operações, já investimos R$ 300 milhões. Foi um investimento alto. Ainda temos que buscar o ponto de equilíbrio”, reconheceu o executivo.
Para erguer o frigorífico, que é um dos maiores projetos ‘greenfield’ do setor no Brasil, as três cooperativas paranaenses tomaram financiamentos no Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), lembrou Durigon.
A despeito dos desafios financeiros, o executivo enfatizou o crescimento contínuo. Embora em ritmo mais lento, a Alegra manteve a trajetória de expansão. No último ano, o faturamento alcançou R$ 512,4 milhões, crescimento de 38% na comparação com o ano anterior. Agora, a expectativa é que o faturamento supere R$ 600 milhões em 2018. Para tanto, a Alegra conta com a ampliação de abates e produção de itens como presunto, linguiça calabresa, bacon, entre outros.