A reabertura das exportações de carne de frango dos Estados Unidos para a China, anunciada nesta semana, não trará efeitos imediatos para os exportadores do Brasil.
Essa reaproximação entre as duas potências deve ser avaliada, no entanto, a médio prazo.
Os dois países sempre fazem negociações que envolvem vários setores, buscando um conjunto de interesses, o que nem sempre ocorre com o Brasil.
A avaliação é de Francisco Turra, presidente-executivo da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).
Os chineses retiraram as barreiras antidumping colocadas na carne de frango produzida pelos americanos, mas ainda não vão importar essa proteína dos EUA.
Isso porque algumas regiões norte-americanas foram afetadas pela gripe aviária há três anos, uma doença difícil de ser eliminada.
Os chineses sabem dos efeitos provocados pela gripe aviária, uma vez que ela recentemente dizimou boa parte da produção do país asiático.
Tradicionalmente o segundo maior produtor mundial de carne de frango, a China acabou perdendo o posto para o Brasil nos últimos anos. Os Estados Unidos, que têm grande importância no mercado internacional, se mantêm na liderança.
Em 2009, os americanos colocaram 613 mil toneladas de carne de frango na China. Em 2016, as portas do mercado chinês estavam fechadas para os EUA.
Já o Brasil, que vendia 28 mil toneladas em 2009, atualmente exporta próximo de 500 mil toneladas por ano para o país asiático.
Um retorno dos EUA no mercado chinês vai exigir do Brasil negociações mais profissionais com a China, segundo Turra. Essas negociações devem envolver o governo e ser abrangentes, segundo ele.