A União Europeia (UE) ameaça ampliar o embargo à BRF, maior exportadora de carne de frango do país, para todas as unidades produtoras da empresa, que hoje tem três fábricas proibidas de vender o produto ao bloco.
“O ministro Blairo Maggi (Agricultura) apresentou todos os argumentos, mas eles ameaçam desabilitar todas as plantas da BRF”, afirmou o representante do Senado na comitiva que foi a Bruxelas, sede política da UE, discutir o caso nesta semana, Cidinho Santos (PR-MT).
A proibição é decorrência da Trapaça, fase da operação da Polícia Federal Carne Fraca que identificou em março deste ano fraudes em laudos sobre contaminação por salmonela em unidades exportadoras da BRF.
Três delas foram vetadas de vender preventivamente pelo Ministério da Agricultura: Mineiros (GO), Rio Verde (GO) e Curitiba (PR).
Blairo, Santos e técnicos se reuniram de terça (10/04) a quinta (12/04) com representantes da divisão sanitária da Comissão Europeia, órgão executivo da UE. “Saímos pessimistas do encontro”, relatou o senador, suplente do ministro.
Blairo não respondeu a mensagem da reportagem nesta sexta (13/04). Em rede social, havia publicado postagem dizendo ter registrado “poucos avanços” na negociação, e relatando ter esperança de “minimizar o impacto” da decisão que a Comissão Europeia tomará no próximo dia 18 sobre a importação.
O Brasil é o maior produtor mundial de frango, e a BRF, sua principal exportadora. Os países da UE são destino de cerca de 15% das vendas, segundo dados do setor. A empresa, que nega irregularidades, não comentou o caso.
A Operação Carne Fraca também investiga suspeitas de problemas em outras empresas, como a JBS, mas a fase atual é centrada na BRF.
Segundo Santos, membros da UE estão aproveitando a crise deflagrada pela operação. “Há muita pressão, querem fechar acesso a tudo”, disse, ressoando críticas ao protecionismo europeu.
A Folha buscou, sem sucesso, contato com a Comissão Europeia. A comitiva brasileira teme que a exportação de suínos da BRF também acabe afetada.
Se for tomada uma decisão contra o Brasil, as opções são ir à OMC (Organização Mundial do Comércio) visando criar uma arbitragem ou retaliar contra produtos europeus.