Vivemos hoje uma situação de elevada pressão financeira quanto ao preço dos insumos que utilizamos em nossas operações, o que gera redução das margens de vendas para o mercado de carnes. Hoje se faz ainda mais sentido utilizar o máximo potencial de ferramentas já consagradas para a extração de nutrientes das dietas, interferindo em sua digestibilidade e proporcionando o saque do máximo volume de nutrientes com o mínimo uso de ingredientes.
Uma destas ferramentas de melhoria de eficiência alimentar trata-se do uso de carboidrases, dentre estas a mais importante classe seriam as Xilanases – devido a quantidade de substrato normalmente presente nas dietas sudamericanas. Tradicionalmente, nutricionistas tendem a reduzir o potencial das carboidrases na matriz, grande parte por margem de segurança atribuída a uma falta de padronização de unidades, kits de detecção nas dietas e padrão analítico para a utilização correta da matriz de forma segura quanto ao padrão de qualidade dos cereais, além de dados da presença dos substratos para ação destas enzimas.
Em especial, este último item tem sido alvo de grandes investimentos dos provedores de carboidrases. Existem hoje novas gerações de análises rápidas, desenvolvidas com base em curvas NIR de alto padrão para trazer aos nutricionistas tranquilidade em utilizar uma matriz mais agressiva com seguridade.
Isso se processa em três passos: PASSO 1 – análise do teor de substrato para a enzima. De maneira geral, todas as enzimas são substrato dependentes, ou seja, seu poder de ação apenas pode se desempenhar ao máximo com um teor mínimo de substrato presente no alimento. Por exemplo, no caso das xilanases, para que seja possível o uso da matriz máxima descrita pelo provedor, devemos ter um teor de arabinoxilanos totais (substrato da xilanase) superior à média do milho e farelo de soja brasileiro, que é de 3,62 e 3.92%, respectivamente.
PASSO 2 – realizando uma analogia com o mercado de fitases, as carboidrases possuem um passo extra para o uso pleno de sua matriz nutricional, que refere-se a qualidade nutricional dos cereais presentes nas dietas. Carboidrases possuem uma ação ainda mais importante quanto pior for a qualidade nutricional destes ingredientes vegetais. Por exemplo, um milho de qualidade nutricional ruim (com baixo conteúdo de PSI – indice de solubilidade protéica – que se refere a solubilidade da proteína para a ação digestiva) com PSI abaixo de 50% é resultado de um excesso de temperatura no processamento de secagem. Este fato determina uma tendência da proteína se ligar com o amido presente no grão, reduzindo em muito a digestibilidade destes dois grupos de nutrientes (Figura 01). Sendo assim, quanto pior for a qualidade nutricional do grão, associado ao nível de substrato, gera um passo a mais para uma valorização mais agressiva da matriz da carboidrase.
PASSO 3 – Nível de unidade ativa de enzima presente no produto. Este item interfere no volume de inclusão e na sua efetividade. Acreditamos que produtos monocomponentes geram melhores concentrações da enzima de eleição, além de determinar um melhor custo de dosagem pelo volume de unidade ativa tratada na tonelagem final.
Desta forma, a escolha da matriz a ser utilizada deve seguir uma recomendação realmente técnica, pois como já comentado em colunas anteriores, as carboidrases são uma ferramenta para a geração de modulação de flora intestinal (nutrologia). Para que isso ocorra, devemos observar limites mínimos e máximos para estas dosagens. Sendo assim, esta recomendação é realmente muito técnica e deve ser atribuído o ônus desta determinação a cada um dos fornecedores.
Todas estas tecnologias hoje são de fácil acesso aos nutricionistas, pois as metodologias descritas acima são disponíveis via NIR, o que gera grande rapidez no processo de identificação e utilização de uma ferramenta real de redução de custos de formulação. É hora de nos desafiarmos cada vez mais, o melhor entendimento de uma ideia é ainda mais importante em momentos de desafio, pois pode servir como uma ferramenta para superar nossas dificuldades.