A associação entre empresas tradicionais do agronegócio e startups para o desenvolvimento em conjunto de tecnologias que elevem a produtividade da lavoura ganhou a adesão de mais uma empresa de porte no Brasil. Nesta quarta-feira (06/12), a Climate Corporation, subsidiária da multinacional de sementes Monsanto anunciou uma parceria com seis fornecedoras de tecnologias inovadoras, como gestão financeira da lavoura e análise digital das condições do solo, para oferecer esses serviços aos clientes da Monsanto. “O objetivo é gerar mais valor para o agricultor”, disse Rodrigo Santos, presidente da Monsanto na América do Sul, num evento à imprensa em São Paulo.
Por trás da parceria, está o interesse da Monsanto em ampliar a gama de serviços oferecidos aos produtores rurais que pagam assinaturas anuais para acesso à plataforma Climate FieldView, lançada pela multinacional no ano passado nos Estados Unidos e em maio no Brasil. O Climate FieldView funciona assim: sensores instalados em tratores e colheitadeiras levantam informações relevantes sobre o andamento do plantio, como a área já semeada ou pulverizada, as áreas com pragas e o rendimento das máquinas. Os dados formam, em tempo real, relatórios de gestão que podem ser acessados num aplicativo criado pela multinacional e que funciona em iPads e em telefones celulares. Atualmente, mais de 500.000 hectares já são monitorados dessa maneira no Brasil.
Entre as startups que farão parte da plataforma Climate FieldView estão parcerias encontradas localmente, como as gaúchas Farmbox, que traça estratégias para minimizar perdas com pragas e ervas daninhas, e Aegro, que utiliza dados da lavoura em previsões de custos e rentabilidade dos agricultoras. A ideia é também oferecer na plataforma o serviço de startups estrangeiras, como as americanas TerrAvion, que utiliza drones e aviões para tirar fotos e acompanhar o crescimento do plantio, e Veris Technologies, fabricante de implementos agrícolas equipados com sensores para medir a qualidade do solo.
As novas soluções serão vendidas separadamente dentro Climate FieldView e a ideia é agregar novos serviços a medida que a plataforma ganha mais adeptos. Segundo Pedro Rocha, diretor de desenvolvimento de produto da Climate Corporation, há 25 parceiros potenciais em vista para parcerias a serem anunciadas em breve. As receitas com a venda dos serviços, cujo preço ao produtor rural ainda não está definido, deverão ficar com as startups. O projeto faz parte de investimentos anuais da ordem de 1,6 bilhão de dólares que a empresa vem fazendo em inovação em todo o mundo – boa parte deles no Brasil. “Queremos transformar o país num centro de inovação para a agricultura tropical”, disse Santos.