O avanço das tecnologias no agronegócio exige cada vez mais o aprimoramento dos empresários do setor. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 85,2% dos estabelecimentos rurais no País seguem o modelo familiar. Assim, a qualificação dos profissionais que assumirão esses negócios no futuro se tornou uma estratégia para o desenvolvimento e crescimento no campo. Além disso, cresce também a busca por aprimoramento no exterior em países que são referência para o setor.
A Austrália é um dos polos mundiais que atrai estes jovens empreendedores brasileiros de olho no futuro do agronegócio nacional. O setor é um dos mais importantes da indústria australiana, sendo que as atividades relacionadas ao agronegócio compreendem 12% do PIB do país, importante player no sistema de alimentação global exportando mais de 80% da sua produção.
“O Brasil tem bastante conhecimento em agricultura e pecuária, porém a Austrália apresenta um grande desenvolvimento tecnológico e eficiência no setor. Assim, estes jovens buscam o país para aprender melhores práticas e os potenciais do setor que poderão ser aplicados no agronegócio brasileiro levando melhores resultados para o desenvolvimento do País nessa área”, destaca o Cônsul da Austrália, Greg Wallis.
Diferenciais
Os diferenciais do desenvolvimento australiano atraíram o curitibano Franco Giacomet, de 24 anos, para Melbourne, onde faz mestrado em agronegócio. “Pesquisei cursos no exterior e escolhi a Austrália por ter uma agropecuária forte, tecnologia avançada e muito espaço para crescer. Nessa minha experiência, vejo muitos exemplos de ações e projetos pensados no coletivo e no futuro, coisa que nós brasileiros não estamos acostumados. Muitas das nossas políticas públicas e ações são corretivas de curto prazo com planejamento limitado”, ressalta.
Segundo Sally Thomson, embaixadora da Nuffield no Brasil, rede global de agricultores, empresários e profissionais da área rural que promove intercâmbio de estudos para gerar conhecimentos no setor, esse aprimoramento no exterior é fundamental para que os futuros protagonistas do agronegócio encontrem novas soluções para problemas que muitas vezes são comuns a diferentes nações. “Quando estes jovens vão para países como Austrália, que tem muito em comum com o Brasil, eles percebem que mesmo com níveis diferentes de desenvolvimento, ambos passam por problemas semelhantes. No entanto, muitas vezes as soluções buscadas e encontradas são diferentes. Assim, essa experiência os estimula a questionar o conhecimento tradicional e a criar novas soluções práticas para o setor, executando e liderando uma nova geração do agronegócio.”
Depois de cursar Agronomia na PUC do Paraná, com a experiência que está vivendo agora na Austrália, Franco Giacomet já faz planos para seu retorno ao Brasil, onde sua família atua nos setores de soja e milho no Paraná e no Mato Grosso, e em cana-de-açúcar, gado de corte, girassol, pipoca e feijão no Mato Grosso.
“O agronegócio brasileiro tem um crescimento exponencial, mas com algumas técnicas que já estão começando a ficar desatualizadas. Particularmente, acredito que a experiência no exterior nos liberta da mesmice, permitindo novas visões e soluções que podemos implantar. Voltando ao Brasil, espero poder atuar de maneira eficiente e sustentável não só no meu negócio, mas desejo usar essas ideias aprendidas aqui para melhorar ainda mais todo o agronegócio brasileiro”, conclui.