A fabricante chinesa de painéis de energia fotovoltaica Trina Solar abriu um escritório no Brasil neste ano com uma aposta no rápido crescimento do mercado local para instalações de pequeno porte, como placas solares em telhados de casas, comércios e indústrias, disse à Reuters um executivo da companhia.
O diretor da Trina Solar para a América Latina, Álvaro García-Maltrás, afirmou que a empresa quer ser uma das líderes de mercado no Brasil, embora uma fábrica local não esteja nos planos de curto prazo da companhia, que prevê trabalhar a princípio com importações.
“A Trina, quando participa de um mercado, é porque ela quer ser o maior ou segundo maior fornecedor, essa é nossa meta. Temos as condições necessárias para chegar a isso”, disse ele.
“Sabemos que chegamos ao mercado um pouco atrasados frente a nossos principais competidores, mas somos uma companhia conservadora, queremos estar certos de nossos movimentos e investimentos.”
Atualmente, a chinesa BYD e a canadense Canadian Solar já possuem fábricas no Brasil para a montagem de equipamentos solares, o que permite a seus clientes comprar os produtos com financiamentos atrativos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Mas a Trina Solar não acredita que os custos e a burocracia envolvidos na instalação de uma unidade produtiva local façam sentido neste momento, dado o menor custo dos painéis produzidos na China, por exemplo.
“Teríamos que ter alguma garantia de que isso faria sentido do ponto de vista econômico. Estamos prontos (para investir em uma unidade local), mas não devemos fazer isso no curto prazo”, disse Maltrás.
Ele afirmou também que a Trina tem sondado investidores que venceram as licitações já realizadas pelo Brasil nos últimos anos para a construção de novas usinas solares, com o objetivo de vender suas placas fotovoltaicas.
A companhia, inclusive, está perto de anunciar o primeiro grande contrato de fornecimento no Brasil, junto a um desses empreendimentos, disse o executivo, sem detalhar.
Geração distribuída
Ele ressaltou que, apesar desses negócios junto às grandes usinas, a Trina Solar espera que o crescimento no país venha principalmente com as instalações de menor porte, conhecidas no setor pelo termo “geração distribuída”.
A legislação brasileira incentiva a instalação de painéis solares em seus telhados, por exemplo, em troca de descontos na conta de luz, um negócio que tem sido visto como cada vez mais atraente principalmente por empresas e alguns consumidores residenciais e industriais.
“Nós acreditamos que esse mercado de geração distribuída deve dobrar de tamanho a cada ano nos próximos três a quatro anos. Nossa expectativa no médio prazo é que esse segmento pode ser anualmente maior que os projetos de leilão”, disse Maltrás.
Ele lembrou que existe ainda alguma incerteza sobre a retomada do mercado para novos projetos de grande porte em leilões, após o país ter cancelado no ano passado uma licitação para novas usinas solares devido à falta de demanda.
Agora, o governo marcou para dezembro um leilão de energia que buscará contratar novas usinas para iniciar operação entre 2021 e 2023, incluindo projetos fotovoltaicos, mas segundo Maltrás não é possível estimar ao certo se haverá demanda para viabilizar um número significativo de empreendimentos.
“O principal motivo para decidirmos investir localmente e começar operações no Brasil não foi realmente pelos grandes projetos… o mercado de geração distribuída no Brasil é suficiente para fazer esse setor muito atrativo… e não está tão sujeito às incertezas que vemos nos leilões”, explicou.
A Trina Solar foi fundada em 1997 e já entregou mais de 23 gigawatts em módulos solares pelo mundo, com uma participação de cerca de 10 por cento no mercado global, segundo informações do site da empresa.