Durante o lançamento da Linha de Enzimas Tecmax ro com viabilidade econômica da Tectron, realizada em Foz do Iguaçu, entre os dias 9 e 10 de março, o consultor Osler Desouzart falou ao público sobre o Mercado Mundial de Carnes. Em uma entrevista após a palestra, Desouzart comentou sobre as perspectivas para os próximos 40 anos no setor.
A carne bovina vai perder espaço no cenário mundial?
Eu não falaria em perda. Eu falaria numa agregação, uma mudança da matriz para privilegiar espécies que sejam mais eficientes no uso dos recursos naturais. Conforme os números que apresentei, que vão dos anos 1960 aos anos 2050, nós estamos comendo cada vez mais carne. A carne bovina, que era a carne rei nos anos 1960, vai perder essa majestade para a carne suína em meados dos anos 1970, depois ela perde a posição para a carne de aves em meados dos anos 1980. Percentualmente, na composição da ingestão global de carne, ela está perdendo espaço, mas também está crescendo, porém não com a importância que ela tinha anteriormente, quando era praticamente a única carne disponível.
A que se deve esse aumento no consumo de aves e suíno?
O que determina essa mudança?
O fator inicial e determinante é a acessibilidade. Eu encontro com facilidade, e mais importante, eu consigo comprar. Eu tenho grana no bolso para comprar. Não adianta você encontrar com facilidade e não ter dinheiro no bolso. Mais oferta, mais disponibilização. Significa que se eu andar por qualquer cidade do Brasil dentro de 1 km eu vou encontrar carne de frango à venda. Então, isso é diferente de oferta e disponibilização.
Nesse cenário, como se comporta o Brasil?
O Brasil é considerado estatisticamente uma potência de carnes junto com os Estados Unidos da América (EUA). É forte em bovino, em frango e em suíno. Esses dois países estão sempre entre os principais produtores desses tipos de carnes. Mas o que acontece é que nós vamos ter nas próximas décadas uma possibilidade de aumentar a produção brasileira porque ainda temos terra arável disponível, o que nos dá uma enorme possiblidade de progredir muito na produção. Já os EUA estão ocupando bem a terra arável que eles têm. Então, os ganhos norte-americanos vão se verificar muito mais pela produtividade do que pela incorporação de áreas novas. Enquanto que no Brasil, temos ganho de produtividade e incorporação de áreas novas. O Brasil é um país que tem 12% da água doce renovável do mundo, luz solar, terra arável e temos também uma excepcional ciência para o segmento de produção animal.
Não só podemos aumentar a área, como seguramente vamos aumentar a produtividade por área ocupada. É um ótimo cenário.
E quais as perspectivas para a Tectron com relação a esse cenário que vem se modificando?
A população humana vai comer mais carne e o Brasil é um dos principais atores em termos de produção, exportação e consumo dessas carnes. No cenário dos próximos 10 anos os componentes de nutrição animal, soja e milho, vão ter preços firmes. O produtor de grãos pode ganhar dinheiro assim como o produtor de carne com a ajuda da ciência, da tecnologia e do aumento de produtividade. Toda empresa que estiver envolvida no aumento de produtividade através da ciência e tecnologia vai ganhar. A Tectron está no caminho muito certo. Tem um caminho brilhante pela frente e não estou jogando confeti.