Para driblar a alta no preço do milho, produtores do Oeste de Santa Catarina estão complementando a dieta dos animais com outros grãos, como trigo e o sorgo. A medida não é o ideal, mas é a alternativa que alguns produtores encontraram para diminuir o prejuízo.
O custo da produção de suínos subiu cerca de 30% neste ano, segundo a Embrapa. Boa parte do prejuízo é provocado pela escassez de milho, o que tem elevado os preços.
Em Nova Erechim, o suinocultor Basílio Knakiezicz contabiliza um prejuízo mensal de R$ 15 mil com a alimentação dos animais: são 1,5 milsuínos que consomem de 3 a 4 toneladas de ração por dia. Por isso, ele decidiu misturar outros grãos à alimentação dos animais.
“O maior problema do produtor hoje está sendo o custo. Devido ao alto preço do milho, estamos usando 50% de sorgo na mistura e também o trigo de baixo padrão, que não passou para a farinha”, conta Knakiezicz.
Medida exige cuidado
A mistura alternativa, porém, precisa ser muito bem calculada pra não comprometer o peso dos animais. Isso porque os outros grãos não têm as mesmas propriedades nutricionais do milho.
Segundo o zootecnista Diovani Paiano, é importante sempre procurar a orientação de um técnico. “Ele vai conseguir minimizar essas limitações que o alimento tem e fazer uma correção na ração. Simplesmente substituir peso por peso não é legal, provavelmente ele vai ter prejuízo com isso”.
O problema é que até as alternativas estão se esgotando. Muitas agroindústrias que oferecem ração aos produtores integrados também estão tendo que se virar. Além da falta de milho, também não é tão fácil encontrar trigo e sorgo.
“Os produtores já estão tendo prejuízo. A alta do milho de início e agora a própria falta junto com a alta trouxe uma dificuldade muito grande de eles abastecerem e transformarem isso em ração”, diz Ricardo Gouvêa, diretor executivo do Sindicarne.
Para os produtores, a crise deverá ter mais reflexos. “A crise do milho na nossa região vai repercutir a todos os níveis. No momento a crise maior está sendo pro produtor, mas vai refletir lá no mercado, na indústria, no comércio”, diz o produtor Knakiezicz.