Chapecó sedia nesta quinta-feira o 1º Fórum Econômico do Grande Oeste, uma iniciativa da Fiesc, Unoesc, Sebrae, Acic e BRDE para definir os caminhos do desenvolvimento e da competitividade de uma das mais combativas regiões do País. Conhecida pela vocação ao trabalho de sua gente e pela geração de riquezas, o oeste notabilizou-se internacionalmente pela produção de alimentos cárneos, mas, a excelência de sua produção espraia-se por todos os setores da atividade empresarial.
Entretanto, nem tudo são flores. As deficiências infraestruturais da região estão anulando a capacidade competitiva dos produtores em geral e dos empresários em particular. Longe dos portos e dos centros de consumo, o produto oestino chega ao destino final com preços pouco atraentes. As más condições das rodovias, a ausência de ferrovias e hidrovias, comunicações deficientes, falta de silos e armazéns – todas essas insuficiências são agravadas pelo isolamento dessa vasta e produtiva região.
Para agravar ainda mais esse cenário, a região é deficitária em milho, o cereal que está na base de extensas cadeias produtivas. Precisamos fazer 50 mil viagens ao ano para buscar quase 2 milhões de toneladas desse grão no centro-oeste brasileiro para alimentar os gigantescos planteis de suínos e aves. Isso representa um item brutal na composição dos custos das indústrias locais.
Sociedade e governo precisam acordar para essa problemática. Urge a construção da ferrovia Norte-Sul, ligando o oeste catarinense com Mato Grosso. Essa linha férrea é mais importante que a ferrovia intraterritorial Leste-Oeste, unindo o litoral ao oeste. Tenho dito com muita convicção que, se as ferrovias não saírem do papel, as agroindústrias catarinenses se transferirão ao Brasil Central. Esse êxodo industrial, aliás, já iniciou.
Em sua perspicaz capacidade de análise e interpretação, o presidente da Fiesc Glauco Côrte captou a gravidade dessa questão que a maioria dos homens públicos ignora. Ele defende um regime tributário especial para o grande oeste catarinense, pois, tão importante quanto as obra de infraestrutura reclamadas pela região é a formulação de uma política de apoio ao desenvolvimento do grande oeste catarinense. Essa política daria rumo às ações públicas e privadas e indicaria parcerias e projetos essenciais para a região. É vital assegurar a competitividade e a expansão das empresas instaladas no oeste e a atração de novos empreendimentos, por isso, estariam previstos incentivos fiscais e materiais e a indicação de parcerias público-privadas. O oeste não quer privilégios, apenas condições para continuar produzindo para o Brasil e o Mundo.
Mário Lanznaster
Presidente da Cooperativa Central Aurora Alimentos