A falta de armazéns é um problema estrutural com profundos reflexos no nível de renda dos produtores. Como os armazéns disponíveis são insuficientes para receber e estocar a produção, uma das alternativas para amenizar essa dificuldade é a exportação dos produtos para outros países, especialmente o milho, para posterior importação de outros Estados para atender as necessidades, pois o Estado é grande consumidor de grãos. Com esta operação Santa Catarina perde em arrecadação já que sobre o produto exportado não incide ICMS, mas, na internação de produtos de outros Estados é gerado crédito do imposto.
Essa situação penaliza os produtores rurais em geral. Porém, se ele for associado a uma cooperativa, essa situação será outra. Um dos benefícios que as cooperativas proporcionam aos cooperados é o armazenamento da sua produção durante a safra, mantendo-a até que se oportunize a venda aos melhores preços do mercado. Essa é a grande vantagem: com armazém, o produtor vende a produção no momento mais adequado.
Em Santa Catarina, a atual capacidade de armazenamento de cereais é de pouco mais que 4 milhões de toneladas para uma produção estadual total de 6,5 milhões de toneladas de grãos, gerando um déficit de 40% das necessidades. O ideal, em qualquer país do mundo, é uma estrutura de silos e armazéns para, no mínimo, 120% da produção.
As cooperativas ainda não são 100% autossuficientes, mas são, praticamente, as únicas a investir nessa área e, nos últimos anos, destinaram cerca de R$ 150 milhões de reais, ampliando a capacidade instalada em 250.000 toneladas. O investimento é elevado, o retorno é muito lento e os encargos financeiros são altos em face da sua natureza operativa. Apesar disso, investir em armazenamento é uma imperiosa necessidade do desenvolvimento catarinense.
Mário Lanznaster, Presidente da Cooperativa Central Aurora Alimentos