Não basta a constatação de que a agropecuária sofreu uma evolução, nas últimas décadas, para o presidente da CNA, João Martins, no Brasil houve a construção de uma nova atividade, mais produtiva, competitiva, moderna, reconhecida globalmente. Entretanto, faltam ainda diretrizes para que ocorra mais inclusão no campo, com mais renda para a população rural.
“A expectativa é que o país promova a ascensão de pelo menos 500 mil produtores rurais à classe média”, disse João Martins, em encontro com o novo embaixador brasileiro na China, Roberto Jaguaribe, nesta quinta-feira, (10/09), na sede da Confederação, em Brasília.
O presidente da CNA reafirmou a importância estratégica da China para os produtores agropecuários brasileiros, destacando as ações de governo e da iniciativa privada para consolidar novas relações comerciais com aquele país. “A ministra Kátia Abreu tem agido como ponta de lança e nós como apoio para os projetos de interesse. Mas, temos empreendido ações no mercado globalizado. Reconhecemos a grandeza do país no cenário mundial. Esperamos que os chineses não apenas invistam aqui, mas devemos criar condições para que os equipamentos agrícolas deles cheguem com preços mais acessíveis que os disponíveis no Brasil atualmente”, acrescentou.
A China tem genuíno interesse no Brasil, garantiu o embaixador Roberto Jaguaribe, assegurando que buscar os caminhos de convergência determinará qualidade das relações entre os países. Na visão de Jaguaribe, a China procura se relacionar com as nações principalmente com base na confiança. “Só nos firmaremos como parceiros privilegiados, quando estabelecermos ligações de confiabilidade”.
Para o embaixador brasileiro na China, o país asiático é estratégico no equilíbrio geopolítico do mundo e, pelas dimensões territoriais, econômicas e da população, representa almejado destino para o comércio mundial, especialmente de exportações de alimentos. O Brasil como um dos grandes produtores de alimentos do mundo deveria ser visto como parceiro natural. Entretanto, acredita o diplomata, “os chineses, por diversas razões, inclusive históricas, não querem ter dependência de nenhum outro país. Com essa visão, devemos atuar construindo relações plenas de confianças recíprocas, explorando os caminhos da convergência”.
Roberto Jaguaribe defendeu ainda que o Brasil encontre e viabilize as soluções para as barreiras fitossanitárias, sobre as quais, acredita ele, o país tem sido acusado de “fragilidades ilegítimas”. Em sua opinião, as exigências, às vezes, são mais rigorosas para o Brasil. Do ponto de vista ambiental, “alcançamos sustentabilidade que poucos países são capazes de manter, a rigor nós é que deveríamos adotar postura de exigir conduta semelhante de nossos parceiros comerciais”, concluiu o embaixador, colocando seus esforços diplomáticos pelo interesse do setor agropecuário brasileiro.