Com grande repercussão no fim de semana passado em razão de anúncios publicados em grandes jornais e revistas do país e do destaque obtido durante o “Domingão do Faustão” da TV Globo, a “plataforma” de marketing lançada pela BRF em dezembro para destacar a qualidade do frango da marca Sadia não tem prazo para sair do ar.
Conforme Marcelo Assaf, gerente de marketing responsável pela marca Sadia na BRF, a campanha, criada pela agência DPZ e que absorve investimentos mantidos em sigilo, passa por um período de maior “concentração”, mas a ideia é manter o canal de comunicação com o consumidor aberto. A expectativa da empresa é que seus reflexos gerem um aumento importante nos volumes vendidos no país.
“Como marca líder de mercado, a Sadia tinha a obrigação de destacar a qualidade do frango que produz e desfazer mitos que podem preocupar o consumidor, entre os quais o uso de hormônios, proibidos pela legislação brasileira”. afirma Assaf. Questões ligadas à inspeção e fiscalização e ao bem-estar animal no processo produtivo também são destacadas na campanha, afirma Ralf Piper, diretor de qualidade e pesquisa e desenvolvimento da BRF.
O Valor apurou que outra razão para a BRF investir na publicidade do frango, um produto de baixo valor agregado, está relacionada à própria mudança de estratégia da companhia, que no ano passado anunciou que reduziria a oferta de produtos na exportação.
Com isso, a maior exportadora nacional de carne de frango, acabou redirecionando parte da produção que seria exportada para o mercado doméstico, segundo fontes do setor. Assim busca, com as campanhas publicitárias, alavancar as vendas no mercado doméstico.
Principalmente por causa da participação do apresentador Fausto Silva, que deu a entender que só o frango da Sadia é produzido sem hormônios no país, a campanha da BRF causou desconforto em concorrentes e gerou reações no segmento. Na segunda-feira, a União Brasileira de Avicultura (Ubabef) divulgou nota esclarecendo que toda carne de frango produzida no Brasil dentro do Serviço de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura é produzida sem uso de hormônios e de conservantes.
Na nota, a Ubabef lembrou que “tanto o uso de hormônios na produção de carne de frango, quanto aditivos como conservantes, são proibidos por legislações do próprio ministério [da Agricultura]”. Conforme a entidade, o uso de hormônios na criação de frangos é vedada pela Instrução Normativa 17, de junho de 2004.
No início deste mês, o Ministério da Agricultura autorizou e regulamentou o uso da informação sobre o não uso de hormônios nas embalagens dos produtos, em uma tentativa de esclarecer o consumidor. Todas as empresas produtoras de carne de frango já podem utilizar em seus rótulos a seguinte frase: “Sem uso de hormônio, como estabelece a legislação brasileira”.