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Bunge investirá R$ 500 milhões em novo moinho de trigo no Rio

A multinacional americana Bunge, uma das maiores companhias de agronegócios do mundo, vai investir R$ 500 milhões em um novo moinho de trigo no Rio de Janeiro, diz Filipe Affonso Ferreira, vice-presidente da divisão de alimentos e ingredientes da empresa no Brasil.

Bunge investirá R$ 500 milhões em novo moinho de trigo no Rio

Um das maiores companhias de agronegócios do mundo, com faturamento global de US$ 61 bilhões em 2013, a americana Bunge voltou a ter planos ambiciosos para sua operação de trigo no Brasil, país onde a companhia tem sua maior capacidade de moagem do cereal. Depois de comprar, em dezembro, o moinho mineiro Vera Cruz, por um valor não revelado, a multinacional anunciou ontem que vai investir R$ 500 milhões na construção de uma nova unidade processadora no Rio de Janeiro. E a companhia já adiantou que tem planos para avançar no segmento no Nordeste e em São Paulo.

Há pouco mais de um ano à frente da divisão de alimentos e ingredientes da Bunge no Brasil, na qual está incluído o segmento de moagem de trigo, Filipe Affonso Ferreira diz que o detalhamento de todos os projetos envolvendo o cereal será concluído este ano e que os investimentos na área podem superar os US$ 350 milhões anunciados em meados de 2012. A empresa avaliava verticalizar as operações, com a produção de massas ou biscoitos, depois de ter desfeito um acordo de oito anos de fornecimento de trigo com a J. Macêdo, que a impedia de entrar nesses segmentos. “Mas resolvemos manter o foco no mercado de farinha, que é onde temos competência”.

O nova unidade no Rio vai substituir o centenário Moinho Fluminense, que foi vendido pela Bunge para investidores interessados em fazer do local um centro empresarial e de compras. A nova unidade receberá o mesmo nome, mas será construída em Duque de Caxias, a cerca de 20 quilômetros da antiga planta. E terá uma capacidade 50% maior – ou seja, processará 600 mil toneladas do cereal por ano.

Ferreira não revela o valor de venda do Moinho Fluminense “original”. Fundado em 1887, com a devida autorização da princesa Isabel, o moinho, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), foi comprado pela Bunge em 1914.

Pelos próximos dois anos, a Bunge vai continuar processando trigo no local. É o tempo necessário para concluir as obras do novo Moinho Fluminense, que deverá começar a operar em meados de 2016. “Juntamente com outros dois moinhos também pertencentes à Bunge – os de Suape (PE) e de Ponta Grossa (PR) -, esse nova unidade será a maior da América Latina”, disse.

A operação fluminense vai permitir à Bunge – que colocou os pés no Brasil em 1905 justamente com processamento de trigo – elevar seus volumes e sua penetração no mercado brasileiro, sobretudo na região “Leste”, formada por Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo.

Sem considerar outros projetos de crescimento que estão a caminho, somente com o novo Moinho Fluminense a Bunge vai elevar para 1,85 milhão de toneladas sua capacidade anual de moagem, atualmente em 1,65 milhão.

O executivo da Bunge afirma que o próximo passo nessa frente deverá ser dado na direção do Nordeste. Lá, diz, a empresa tem a unidade de Suape, construída em 2009. Mas o diagnóstico, detalha Ferreira, é que a capacidade nordestina terá que aumentar para ampliar o alcance aos outros Estados da região.

Ferreira antecipa também que algum movimento será feito em São Paulo, onde estão dois dos sete moinhos da empresa no Brasil – em Tatuí e em Santos. Lá, a empresa pretende ganhar mais participação de mercado e, para isso, o foco tende a ser a modernização dos atuais parques fabris.

Ferreira não revela detalhes do negócio, especialmente as cifras. Mas explica que, dependendo do “ângulo”, o trigo pode responder por “um terço” ou “mais de 40%” das operações da unidade que lidera, a de Alimentos & Ingredientes no Brasil. Dessa área, fazem parte também os óleos de cozinha, as margarinas e maioneses, além dos atomatados, tanto de linhas que atendem diretamente ao consumidor final (B2C), como as produzidas para outras empresas – no caso, indústrias (B2B). Somente em trigo, a Bunge tem mais de 200 tipos de produtos voltados aos seus clientes corporativos.

Apesar de estar no Brasil a maior parte da capacidade processamento trigo da americana no mundo, a diretriz de avançar nesse segmento não se limita ao negócio brasileiro, esclarece o executivo. Ele lembra que no fim do ano passado, a companhia ampliou sua operação de moagem do cereal no México ao comprar os moinhos do grupo Altex. A empresa, segundo ele, tinha apenas uma unidade no país, mas com a aquisição assumiu outras seis plantas que, juntas, têm condições de processar cerca de 800 mil toneladas do cereal.