O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Neri Geller, fez uma avaliação positiva da viagem à França durante a 82ª Seção Geral da Assembleia Mundial da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Segundo ele, após as reuniões bilaterais e os reconhecimentos obtidos pelo Brasil, o país se prepara para um novo patamar nas negociações internacionais.
“Já estamos entre os maiores exportadores de proteína animal do mundo e queremos ir adiante. Com o reconhecimento de mais oito estados brasileiros como livres de aftosa, além da manutenção do risco insignificante para Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), podemos planejar junto com o setor privado a ampliação do acesso dos produtos brasileiros no exterior”, afirmou Geller.
O ministro ressaltou o rígido controle sanitário brasileiro como um dos principais motivos para que a carne brasileira — bovina, suína ou de aves — seja vendida em novos mercados. Ainda segundo ele, o Brasil tem potencial para ampliar a produção de proteína animal no país, além de diversificar a pauta de exportações com produtos com maior valor agregado.
França
Uma das reuniões bilaterais que o titular da Agricultura no Brasil participou foi com o ministro da Agricultura da França, Stephane Le Foll, para discutir temas que visam às relações comerciais entre o Brasil e o governo francês. O encontro contou também com a participação do secretário de Relações Internacionais do Agronegócio, Marcelo Junqueira, e do diretor do Departamento de Saúde Animal (DSA), Guilherme Marques.
Geller ressaltou a importância da liderança da França no bloco europeu e na defesa dos interesses mútuos do país. O ministro brasileiro solicitou o apoio do governo francês na candidatura do atual adido agrícola do Brasil em Genebra, Guilherme Costa, ao posto de vice-presidente do Codex Alimentarius. Fez ainda um convite à autoridade francesa para vir ao Brasil com o intuito de conhecer os trabalhos desenvolvidos pelo Ministério da Agricultura. De acordo com diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), Leandro Feijó, que esteve presente na reunião, as relações entre o Brasil e a França vão possibilitar a transferência de conhecimento técnico-científico e tecnológico nas diversas áreas do agronegócio.
Irã
O ministro brasileiro participou também de uma reunião com o colega de pasta iraniano, Mahmoud Hojjati, para discutir a liberação das vendas de carne bovina produzidas no estado de Mato Grosso. Geller solicitou que o embargo fosse suspenso porque não há riscos à saúde pública e disse que está confiante que a situação seja normalizada. Hojjati afirmou que vai tentar resolver a questão o quanto antes.
Segundo Feijó, as informações técnicas prestadas pelo Brasil ao serviço veterinário iraniano demonstraram alinhamento das ações adotadas pelo MAPA com as orientações da OIE.
União Aduaneira
Na mesma semana foi realizada uma reunião em Paris com o chefe do serviço veterinário russo, Serguey Dankvert, para tratar sobre temas em negociação. “É importante ressaltar o bom andamento das relações do Brasil com a União Aduaneira porque elas podem ser mais planificadas e intensas”, afirmou Dankvert.
No encontro, Dankvert propôs a habilitação de mais estabelecimentos brasileiros para exportação de carne bovina, suína, equina e de aves, e também de produtos lácteos, tais como leite em pó, queijos e manteiga; além de dar continuidade às negociações de abertura do mercado brasileiro para importação de trigo e grãos.
Para o secretário Marcelo Junqueira, o peso da presença do ministro nas reuniões determina resultados positivos, auxiliando nos negócios internacionais. “Isso proporciona estabilidade no comércio e a possibilidade de ampliação da habilitação do agronegócio do país com a União Aduaneira”, acrescenta.
Área livre de aftosa e risco insignificante para EEB
Também em Paris, foram entregues os certificados aos oito estados brasileiros reconhecidos internacionalmente como livres de febre aftosa. São eles: Alagoas, Maranhão, Paraíba, Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco e a região norte do Pará.
Além disso, o comitê científico da OIE manteve o status do Brasil de risco insignificante para a Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) — doença neurodegenerativa que afeta o gado bovino, conhecida como Vaca Louca. O Brasil também obteve o certificado de país livre da peste dos pequenos ruminantes (como ovinos e caprinos), doença que causa febre e diarreia.