A compra das operações avícolas da Tyson Foods pela JBS SA na segunda-feira (28) marca a oitava empresa ou conjunto de ativos adquiridos este ano pela JBS no Brasil. É um rápido esforço pela maior processadora de carne de bovino e de aves no mundo para ganhar quota de mercado contra o líder doméstico de aves, a BRF, e essa atividade não será positiva para o setor como um todo, disse um analista da consultoria MB Agro para CarneTec.
“Esse setor está passando por uma grande transformação, tem sido um longo tempo desde que nós vimos uma concentração como esta no setor avícola brasileiro”, disse Cesar de Castro Alves, analista da MB Agro. “Eu não acho que isso será positivo para o setor, porque está se concentrando atividade avícola tanto nas mãos da (JBS)”, acrescentou. “Nós já tínhamos um grande player na BRF. Agora, pelo menos, haverá uma boa disputa entre estes dois.”
Quase 70% das exportações de carne de frango do Brasil em 2013 foram realizadas pela BRF e a JBS. Dos 3,89 milhões de toneladas de exportações no ano passado, a BRF foi responsável por 45,8%, seguido pela JBS com 23,8%, o que foi antes da onda de aquisições neste ano. Para a BRF, líder do setor de aves do Brasil, a pressão da rápida expansão pela JBS só pode empurrá-la ainda mais fora do negócio de processamento de carne de frango in natura, e motiva a BRF a gravitar mais para alimentos processados e suas exportações. Para os consumidores brasileiros, a expansão no setor avícola pela JBS poderia significar uma redução positiva dos preços no curto prazo, uma vez que entra em competição com marcas como a BRF, mas no longo prazo este tipo de consolidação é negativo, disse Alves.
Os produtores de aves provavelmente serão os maiores perdedores, pois isso reduz o seu poder de negociação, o mesmo que o que aconteceu entre os pecuaristas e a JBS ao longo dos anos, notou ele. A JBS vai pagar US$ 575 milhões em dinheiro para os ativos da Tyson no Brasil e no México. É sem dúvida um preço alto, considerando que as divisões internacionais da Tyson vêm perdendo dinheiro nos últimos trimestres. Mas porque a JBS já tem operações no Brasil e no México, as sinergias envolvidas devem tornar o negócio rentável, disse Jose Yordan, analista do Deutsche Bank, em um comentário de mercado na segunda-feira. O acordo Tyson-JBS está sujeito à aprovação regulatória no México e no Brasil e pode ser concluído até o final deste ano.
ONDA DE AQUISIÇÕES
A JBS tem efetuado aquisições conduzidas por ações e dinheiro no Brasil este ano para expandir a JBS Foods. A empresa adquiriu a produtora de massas e alimentos prontos Massa Leve no final de dezembro de 2013 por R$ 260 milhões, e em fevereiro comprou o frigorífico de aves Frinal por R$ 103,5 milhões, que possui uma capacidade de abate de 100 mil aves por dia. Ainda no primeiro trimestre, a JBS arrendou um abatedouro com capacidade de processamento para 200 mil aves por dia da BR Frango no estado do Paraná. Em março, a JBS adquiriu a processadora de carne suína Sul Valle de Santa Catarina, que tem uma capacidade de processamento de 2 mil suínos por dia. Os valores dessas duas transações não foram confirmadas pela JBS. No final de maio, a empresa adquiriu os ativos da processadora avícola Big Frango, com planos de investir até R$ 20 milhões em expansão nos próximos anos. O conselho de administração da JBS aprovou a aquisição da Bela Foods (anteriormente conhecida como Avebom) em maio por R$ 105 milhões. Localizado em Jaguapitã (PR) o processador tem uma planta com capacidade de processamento de 150 mil aves por dia. Em julho, a JBS anunciou a compra de ativos do processador avícola Céu Azul Alimentos Ltda por R$ 246 milhões, o que incluiu duas plantas de processamento de aves, duas fábricas de rações e três incubadoras. O negócio ainda está sujeito à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).