O recuo nos preços das commodities agrícolas e industriais está contribuindo para frear a inflação e criar um cenário mais benigno para a variação de preços. Os índices do atacado para bens agrícolas apontaram deflação em fevereiro e março no IGP-M, um sinal de alívio para o governo na tensa batalha de expectativas que trava para convencer os investidores que a inflação não ultrapassará o teto da meta, de 6,5%. Puxado pela queda dos alimentos, o Índice de Preços ao Produtor calculado pelo IBGE acumula deflação de 0,43% no primeiro bimestre.
A maioria das principais commodities agrícolas negociadas pelo Brasil vai encerrar o trimestre com cotações médias inferiores às do quarto trimestre de 2012 no mercado internacional. No mercado futuro de São Paulo caíram fortemente em março. Dos cinco produtos listados na BM&FBovespa, quatro tiveram preços inferiores à média de fevereiro. A soja liderou o recuo e caiu 8,7%, para US$ 28,06 a saca, menor cotação desde janeiro de 2012.
As variações reforçam a tendência de acomodação dos preços em nível inferior ou semelhante ao do ano passado. A fragilidade de várias economias desenvolvidas e a recomposição da oferta de grãos, depois de severa estiagem, estão agindo na contenção dos preços.
No acumulado do ano, as cotações dos principais metais não ferrosos caíram, atingidas pelas preocupações com a crise na Europa. Os estoques, em geral, estão altos.
Divergências sobre usar ou não os juros para conter a inflação em uma economia que já cresce pouco criam tensões recorrentes entre o governo e mercados. Em Durban, na África do Sul, a presidente Dilma Rousseff, respondendo a uma pergunta do Valor PRO, serviço de tempo real do Valor, sobre pressões inflacionárias, disse que o combate à inflação com medidas de desaquecimento econômico é uma “política superada”, um “receituário que quer matar o doente”. Foi o suficiente para derrubar imediatamente as taxas de juros futuros e as expectativas que davam como provável uma alta da taxa Selic no curto prazo.