Em Mato Grosso do Sul, produtores de milho safrinha estão preocupados com a queda de preço que o grão vem registrando nos últimas semanas e com um possível gargalo logístico para estocar a super safra que se desenha.
Segundo o diretor executivo da Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja/MS), Lucas Galvan, a saca do cereal vem sendo comercializada antecipadamente em Mato Grosso do Sul ao preço médio de R$ 18. Entretanto, com a colheita de uma safra recorde estimada em 6,3 milhões de toneladas sendo iniciada em aproximadamente 60 dias e com a perspectiva de uma boa produção norte-americana, principal produtor mundial, o valor deve despencar, conforme ele, para R$ 15 ou R$ 16.
“Com essa queda de preço o produtor vai precisar ter uma grande produtividade para não ter prejuízos. Atualmente o custo médio de produção do milho no Estado é de R$ 1.600 por hectare. Se o preço de venda do grão for de R$ 16 a saca, o produtor vai precisar de uma produção de pelo menos 100 sacas por hectare para não ter prejuízo. E isso não é fácil, porque nossa média é 80 sacas por hectare”, analisa.
Além da queda do preço do milho, o produtor do grão também está preocupado com a armazenagem do grão. Conforme Galvan, em razão da redução das cotações da soja, cerca de 45% da produção sul-mato-grossense da oleaginosa ainda está nos armazéns do Estado e pode concorrer por espaço nos silos com o cereal.
“Com grande volume de soja estocado, perspectiva de produção recorde de milho safrinha e capacidade de estocagem de cerca de 7,5 milhões de toneladas, podemos enfrentar um gargalo na estocagem. Por isso, já pedimos a intervenção do governo federal para que boa parte dessa produção [milho] seja destinada a exportação ou escoada para o Nordeste”, conclui.