Devido aos problemas ocorridos na história da humanidade, toda vez que ocorrem casos de doenças em qualquer país ou região pela contaminação por aves, equinos ou suínos, todo o mundo fica em alerta, com medo de uma pandemia. Este ano, o mundo ficou novamente em alerta, com o surto de influenza aviária com o vírus A (H7N3) que apareceu no México, atacando aves domésticas. Em fevereiro último, o Diretor Geral de Saúde Animal do Ministério da Agricultura daquele país notificou à Organização Mundial da Saúde Animal – OIE do aparecimento de focos de Influenza Aviária de alta patogenicidade ,que está levando ao sacrifício mais de dois milhões de aves. Segundo a OIE, o primeiro foco foi confirmado por diagnóstico laboratorial. Sua ocorrência, entretanto, indica uma perspectiva de alerta, principalmente para os países do Continente Americano.
Já no continente asiático, preocupa a situação na China, onde centenas de pessoas já foram contaminadas e dezenas foram levadas a óbito por uma nova cepa da gripe aviária conhecida como H7N9, conforme informou a agência de notícias Associated Press. As autoridades locais estão abatendo todas as aves que estavam no mercado de carnes Huhuai, em Xangai, onde o vírus foi detectado em pombos.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), vem participando, desde 2009, de um importante programa de educação sanitária no meio rural que visa proteger as comunidades rurais, por meio da divulgação de medidas preventivas, para o enfrentamento das influenzas aviária, suína e equina que apresentam grande risco, não somente para os animais de criação, mas também para o ser humano.
Primeiramente, foi realizada a capacitação de 90 médicos veterinários extensionistas de todas as entidades estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural – Ater, durante dois cursos realizados em Brasília. O curso de Formação de Formadores foi ministrado por pesquisadores da Embrapa Suínos e Aves, técnicos dos Ministérios da Saúde e da Agricultura e professores da Universidade Federal Rural da Amazônia. A proposta foi a de atualização em conteúdos teóricos e práticos de educação sanitária como instrumento de defesa contra as influenzas. Uma vez treinados, esses técnicos passaram a atuar como formadores, na capacitação de outros extensionistas e de lideranças comunitárias em seus estados de origem.
A fase seguinte foi a realização de 51 cursos, em todos os Estados da Federação, sob a responsabilidade dos Formadores, com o treinamento de 1.900 extensionistas rurais e lideranças comunitárias, que passaram a exercer a atividade de Multiplicadores. A partir daí foi desenvolvida uma campanha de educação sanitária com a elaboração, impressão e distribuição de material de orientação e educação para os produtores rurais: 1.500.000 exemplares da cartilha intitulada A Gripe no Meio Rural; 600.000 da cartilha “Aproveitamento da Água de Chuva em Criações de Subsistência de Suínos e Aves”; 16.000 exemplares do “Manual do Extensionista”; 1.000.000 de Calendários 2010 com ilustrações educativas; 2.000 pastas tipo mochila para uso dos Agentes de ATER. Foram ainda adquiridos e distribuídos 357 unidades de equipamentos audiovisuais para todas as entidades estaduais de ATER.
Salas de Videoconferência
Coroando o programa, foi criada uma Rede de Salas de Videoconferência interligando todas as entidades estaduais de Ater com a Secretaria da Agricultura Familiar do MDA, a Embrapa Sede e a Embrapa Suínos e Aves, para manter permanentemente atualizada as equipes de Formadores e Multiplicadores. Para René Dubois, consultor do MDA, ela poderá se tornar uma ferramenta de comunicação de abrangência muito maior, extrapolando a Campanha de Educação Sanitária, com ampla utilização em todas as ações que demandem interação entre as entidades que promovem a assistência técnica e a extensão rural com o MDA e a Embrapa. Servirá a todos os programas sociais do governo desenvolvidos pela Secretaria da Agricultura Familiar e pela Embrapa.
A Rede já se encontra instalada nas Regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste e a previsão é de que ela alcance todo o território nacional até junho próximo. A Embrapa participa desse programa de educação sanitária por meio de suas Unidades de Pesquisa, além da Embrapa Produtos e Mercado e da Embrapa Informação Tecnológica, com o apoio de Unidades Centrais da Empresa.
Com isso, atualmente, os agentes de Ater incorporaram às suas atividades de rotina, como dias de campo, reuniões com associações e cooperativas e visitas individuais aos agricultores familiares, a discussão de princípios de educação sanitária, buscando a sua apropriação pelo público-alvo. Porém, Dubois acredita que há, ainda, a necessidade da educação permanente e continuada esses extensionistas visando atualizar tanto Formadores quanto Multiplicadores para que a orientação às comunidades rurais sejam práticas e objetivas para cada momento epidemiológico.