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Múlti DSM reestrutura os negócios da Tortuga

Empresa vai investir US$ 30 milhões para ampliar unidade de suplementos minerais para ruminantes em Mairinque (SP).

Múlti DSM reestrutura os negócios da Tortuga

Quase sete meses após assumir as operações da gigante brasileira de nutrição animal Tortuga, a multinacional holandesa DSM começa a dar sua “cara” à empresa. Com o intuito de vender marca em detrimento de rações “commoditizadas”, a múlti já fechou uma fábrica, aboliu uma linha de suplementos minerais que praticava preços mais baixos e agora se prepara para investir US$ 30 milhões para ampliar a capacidade de produção de suplementos minerais para bovinos.

“Não fazia sentido investir em duas linhas de produtos”, afirmou ao Valor o presidente da DSM para a América Latina, Antonio Ruy Freire. A partir de 1º de novembro, a empresa abolirá a marca de suplementos minerais da Mitsuisal, e reforçará o portfólio de produtos da marca ‘premium’, a Tortuga. Os produtos Mitsuisal são, em média, 8% mais baratos que os similares Tortuga.

Esse é o pano de fundo para a decisão tomada pela DSM em agosto, ao fechar a fábrica de suplementos minerais que a antiga Tortuga tinha em São Vicente (SP), na Baixada Santista. “Essa planta tinha um custo de produção significativo”, afirma Freire.

Na prática, a decisão materializa a primeira grande revisão de estratégia da Tortuga sob o comando da DSM, que prevê faturar US$ 650 milhões com nutrição animal por ano Brasil. Agora fechada, a unidade de São Vicente foi comprada pela Tortuga junto à PCS Fosfatos em 2008. Na ocasião, a empresa então controlada pela família Fabiani comemorou a entrada da companhia na produção de fosfato microgranulado.

Com a decisão da DSM, a empresa vai concentrar a produção de suplementos minerais na planta de Mairinque (SP), que faz esses produtos a partir do fosfato bicálcico. O fosfato é um nutriente essencial do suplemento mineral, que ajuda os animais na absorção e metabolização de energia e proteína.

E é justamente a unidade de Mairinque que receberá os aportes de US$ 30 milhões. Segundo o presidente da DSM para a América Latina, os investimentos acontecerão nos próximos três anos e elevarão a capacidade de produção da unidade em cerca de 20%. O executivo não quis relevar o volume que a unidade pode produzir. A unidade de Mairinque é a principal plataforma de produção da empresa, que lidera o mercado de suplementos minerais com a marca Tortuga. A Mitsuisal é a terceira marca da categoria.

Apesar do encerramento da Mitsuisal, que contava com 35 produtos, Freire acredita que conseguirá manter o volume “importante” de vendas da marca, que girava entre 70 mil e 80 mil toneladas por ano.

Segundo ele, a DSM pode ter uma “eventual” perda de participação de mercado com aqueles clientes “que só buscavam preço”. O executivo aposta, porém, que a maioria dos pecuaristas que compram Mitsuisal o fazem por confiar na Tortuga, que herdou seis novos produtos da marca que vai ser extinta. Além disso, diz ele, a empresa manteve a força de vendas de 200 funcionários que estavam dedicados à marca Mitsuisal e agora venderão produtos da Tortuga. Na fábrica paulista que foi fechada, foram demitidas 54 pessoas.

No mercado, a decisão da DSM surpreendeu. “Nós estamos todos curiosos para saber o que eles vão fazer agora sem a Mitsuisal”, disse um executivo de uma concorrente, que enxerga oportunidade de ganhar mercado. A disputa mais acirrada, porém, não parece preocupar Freire. “Nossa indústria ainda se baseia em custo”, diz ele, que pretende dar um caminho diferente à Tortuga. Para ele, a empresa deve vender “benefícios” ao pecuarista.