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Lucro da EDP aumenta 20 vezes, para R$ 199 milhões

Térmica de Pecém I, movida a carvão, começou a contribuir positivamente para a geração de caixa no terceiro trimestre.

Lucro da EDP aumenta 20 vezes, para R$ 199 milhões

Os negócios da multinacional portuguesa EDP voltaram aos trilhos neste ano no Brasil, após os percalços enfrentados em 2012. A subsidiária brasileira da companhia obteve no terceiro trimestre um lucro líquido de R$ 199 milhões, 1.819% maior que o resultado modesto, de R$ 10,4 milhões, registrado em igual período do ano passado. A geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes do pagamento de juros, impostos, depreciação e amortização) totalizou R$ 632 milhões entre julho e setembro, o que representou um aumento de 133% em relação ao mesmo trimestre de 2012.

“A situação normalizou-se bastante neste ano. Vamos ver o que o futuro nos aguarda”, afirmou ao Valor PRO, serviço em tempo real do Valor, a executiva portuguesa Ana Maria Machado Fernandes, que preside há pouco mais de um ano a EDP Energias do Brasil (EDB). Segundo ela, 2012 foi um ano atípico, mas alguns dos problemas enfrentados pela empresa foram resolvidos.

Um deles foi o atraso na construção na usina térmica de Pecém I, movida a carvão, na qual a EDP Brasil e a Eneva (ex- MPX) são sócias, com uma participação de 50% cada. A térmica, finalmente, entrou em operação e, pela primeira vez, contribuiu positivamente para o caixa da EDP Brasil, gerando um Ebitda de R$ 20 milhões no terceiro trimestre. Pecém I ainda não deu lucro para seus acionistas, mas a expectativa é que a térmica passe a operar no azul até o fim deste ano. Devido aos atrasos, a usina vinha comprando energia a preços estratosféricos no mercado de curto prazo para honrar contratos, o que a tornava deficitária.

No setor de distribuição de energia, os negócios do grupo, que controla a EDP Bandeirante e EDP Escelsa, também foram bastante impactados pela exposição involuntária de todas as companhias no país ao mercado de curto prazo após a renovação dos contratos de concessão das hidrelétricas. Como os preços spot do MWh dispararam devido à fraca ocorrência de chuvas, as distribuidoras tiveram de pagar uma conta amarga, que desequilibrou o fluxo de caixa. Mas o Tesouro decidiu cobrir o rombo e está repassando neste ano recursos para as companhias por meio da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Segundo Ana Maria, a EDP recebeu R$ 591 milhões neste ano.

“Ainda existe uma parcela residual, de R$ 78 milhões, que temos a receber [da CDE]. Mas esse é um valor com o qual conseguimos conviver”, afirmou a executiva, acrescentando que, antes, o rombo nas contas das distribuidoras era preocupante. A expectativa é que a União ainda repasse mais recursos para as empresas.

Outro destaque nos resultados da EDP no terceiro trimestre veio do segmento de comercialização, embora a contribuição desse negócio seja ainda pequena. Segundo Ana Maria, a comercializadora da EDP Brasil gerou um resultado de R$ 42 milhões nos nove primeiros meses do ano.

Sobre novos projetos, a executiva afirmou que a EDP Brasil avalia disputar a hidrelétrica de São Manoel, caso o governo federal consiga viabilizar o leilão da usina, que está marcado para dezembro. No entanto, ainda há dúvidas se as licenças ambientais serão liberadas a tempo. A EDP pretende se associar a outras empresas e está negociando neste momento com os demais interessados na usina, que será construída no rio Teles Pires (MT). Ana Maria não revela os nomes das empresas com as quais está conversando, mas, segundo uma fonte do setor, a EDP negocia formar um consórcio com as subsidiárias do grupo Eletrobras.

O maior acionista da ex-estatal portuguesa hoje é o grupo chinês China Three Gorges (CTG), que comprou 21,3% do capital da EDP em 2011. Os chineses derrotaram, na época, a estatal brasileira Eletrobras e o grupo alemão E.ON, que também fizeram propostas de compra. Outro acionista da EDP é a espanhola Iberdrola, que possui 6,7% das ações.

A hidrelétrica de São Manoel também interessa à gigante estatal chinesa State Grid.