Depois de 11 anos, a produção brasileira de milho pode superar a de soja na safra 2011/12. A previsão é do sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, que apresentou ontem as estimativas finais do Rally da Safra, expedição anual pelas lavouras de soja e milho do país organizada pela consultoria.
Segundo a Agroconsult, o país deverá colher 65,2 milhões de toneladas de soja neste ano, ante as 75,3 milhões de toneladas da safra passada. Trata-se de uma quebra de 13%, provocada pela estiagem que castigou principalmente a região Sul do país e que reduziu a produtividade da oleaginosa de 51,9 sacas por hectare para 43,3 sacas por hectare.
No caso do milho, a safra de verão foi estimada em 36,5 milhões de toneladas, um aumento de 2% sobre a temporada passada, de 35,9 milhões. Pessôa acredita que, com a expectativa de aumento da safrinha em Mato Grosso, a produção na segunda safra pode superar a barreira das 28,1 milhões de toneladas, o que elevaria a produção total de milho para algo próximo a 65 milhões de toneladas, volume muito próximo àquele esperado para a soja. A Conab prevê uma produção de 65,7 milhões de toneladas de milho na ciclo 2011/12.
Segundo Pessôa, trata-se de uma situação excepcional já que a produção de soja ficou 10 milhões de toneladas aquém das estimativas iniciais. Mesmo assim, Pessôa pondera que essa situação pode se tornar mais frequente nos próximos anos. “O crescimento do mercado interno de carnes é capaz de absorver um aumento sustentado da produção. Além disso, temos um fator novo no mercado internacional, que é a entrada da China”, afirmou. Tradicionalmente exportador, o país asiático passou a importar milho nos últimos anos, tendência que deve se consolidar nas próximas safras.
Pessôa disse ainda que a expectativa de uma super safra de milho nos Estados Unidos não será capaz de reverter esse cenário otimista para o milho brasileiro. “Os estoques de milhos dos EUA podem sair de uma situação crítica para uma situação razoável, mas seria preciso uma segunda super safra como a que estamos esperando para que os estoques ficassem numa situação confortável”, afirmou ele.
A produção nos EUA, por sua vez, deve reduzir os preços do milho, conforme Pessôa. “Esperamos preços mais baixos para o milho no segundo semestre, em virtude da safra americana, mas podemos ter surpresas tanto em relação à produção quanto em relação às exportações brasileiras”, disse.