A decisão do governo federal de convocar fiscais agropecuários estaduais e municipais para realizar o trabalho dos inspetores do Ministério da Agricultura em greve pode agravar uma situação já delicada. A convocação enfureceu os grevistas, que decidiram suspender integralmente suas atividades.
Responsáveis por liberar os alimentos para a comercialização, os fiscais mantinham cerca de 30% de seu efetivo trabalhando. “Agora, vamos para a radicalização total. Não entra nem sai mais nada, mesmo que os produtos estraguem”, afirmou Wilson Roberto de Sá, presidente do Sindicato dos Fiscais Federais Agropecuários.
A situação é considerada particularmente dramática para as processadoras de aves e suínos. Com fluxo de abate de milhões de cabeças por dia, os armazéns são incapazes de absorver mais do que alguns dias de produção. Por isso, as empresas podem ter de suspender os abates, com consequências sobre toda a cadeia.
O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, disse que a greve não precisa virar uma “batalha”, mas que o país não pode sofrer com a falta de um serviço básico. “Ou todos nos tratamos bem ou teremos problemas na relação. E se eu tiver problema, vou pedir ajuda. Não vou deixar que prejudiquem o povo brasileiro”. Em meio ao acirramento dos ânimos, fontes do governo afirmam que não há previsão para o fim da greve.