Nas últimas três décadas, a avicultura brasileira se transformou. De uma atividade de subsistência, foi alçada à condição de protagonista e é hoje uma das mais modernas e competitivas do mundo, conferiu a Expedição Avicultura, após rodar o Paraná.
O avanço ocorreu não apenas devido à ampliação do plantel e do abate de aves, mas à constante evolução tecnológica do setor. O progresso começou com a genética e ‘contaminou’ todo o processo produtivo. Para produzir 13 milhões de toneladas da carne, o setor precisa de menos de um mês. Na década de 70 essa era a produção de um ano todo.
O melhoramento genético após a introdução de linhagens híbridas norte-americanas, ainda na década de 60, trouxe preocupações com a nutrição e o manejo, permitindo melhoras significativas nos principais índices técnicos da atividade, como a conversão alimentar, a idade de abate e o índice de mortalidade. Se há trinta anos uma ave precisava comer dois quilos de ração e demorava quase dois meses para atingir o peso ideal de abate (na época 1,8 kg), hoje é possível produzir um frango de 2,5 quilos em pouco mais de um mês. E com apenas 1,7 quilos de ração.
Outro diferencial da avicultura brasileira foi a adoção dos chamados sistemas integrados de produção, uma espécie de parceria entre empresa e os produtores, na qual o criador recebe todos os insumos (pintos de um dia, ração, medicamentos e orientação técnica) e se encarrega da criação e engorda das aves até a idade de abate, recebendo como pagamento um valor previamente negociado. O sistema funciona como uma espécie de amortecedor, dando mais segurança ao produtor em momentos de crise.
“Nos últimos trinta anos, houve uma evolução muito grande nas áreas de manejo, nutrição, sanidade. Agora estamos na década da ambiência”, considera Rodrigo Rotta, presidente da Granja Real, empresa de Pato Branco (Sudoeste do Paraná) especializada na produção de ovos férteis e pintainhos de um dia.
“Além da sanidade, que é uma obrigação, e da nutrição, o bem-estar animal é um dos pilares mais importantes do tripé responsável pela evolução da avicultura”, reforça o produtor Mércio Francisco Paludo, de Palotina (Oeste). Ele relata que atualmente há uma preocupação muito grande com a temperatura, ventilação, iluminação dos aviários, o número de frangos por galpão, disponibilidade de comedouros e bebedouros, oferta de alimentos, debicagem e acompanhamento sistemático de ganho de peso. “Quem ganha com isso é o consumidor”, conclui.
O principal desafio do setor a partir de agora está fora da porteira, considera o presidente da Copacol (Cafelândia), Valter Pitol. “Os Estados Unidos estão colocando o produto deles muito mais barato no mercado. Precisamos pensar em soluções compartilhadas com a iniciativa privada para diminuir os nossos custos logísticos, sob o risco de perdermos mercado”, alerta.