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País atrai investimentos em sementes da DuPont Pioneer

De olho na demanda aquecida por matérias-primas agrícolas, a Pioneer, empresa de sementes do grupo americano DuPont, aprovou investimento de US$ 122 milhões para aumentar a capacidade de beneficiamento de sementes de soja e milho no Brasil.

País atrai investimentos em sementes da DuPont Pioneer

De olho na demanda aquecida por matérias-primas agrícolas, a Pioneer, braço de sementes da companhia americana DuPont, concluirá até fim de 2013 um pacote de investimentos de US$ 122 milhões para alavancar sua capacidade produtiva em soja e milho no Brasil.

O investimento inclui a construção de uma segunda planta de beneficiamento de sementes de soja, já iniciada, a ampliação das quatro unidades de beneficiamento de milho já existentes, a construção do sétimo centro de Pesquisa e Desenvolvimento de novas tecnologias da empresa no país e a ampliação da estrutura para testes.

“A iniciativa faz parte da nossa estratégia global de ampliar a oferta de alimentos para atender ao crescimento da população mundial. Nesse cenário, o Brasil tem um papel estratégico por seu alto potencial de produção”, afirmou ao Valor Roberto de Rissi, diretor da DuPont Pioneer no país. “É o maior investimento feito pela empresa no Brasil”, disse.

Conforme o executivo, a unidade de beneficiamento de sementes de soja, localizada em Catalão (GO), será a maior da companhia em volume: a capacidade anual será de 2,2 milhões de sacas de 40 quilos. “Nos Estados Unidos, há mais plantas industriais distribuídas pelas regiões produtoras, mas que não ultrapassam 1,5 milhão de sacas cada”.

Com o início das operações previsto para a próxima safra (2013/14), a nova fábrica, que absorveu US$ 62 milhões, vai duplicar a capacidade de produção do braço da DuPont no Brasil – que, assim, pretende abocanhar 11% do mercado nacional de sementes de soja. Desde 2004, a empresa beneficia – isto é, aplica defensivos agrícolas para proteger a semente de pragas antes mesmo do plantio – 2 milhões de sacas por ano em Planaltina, Distrito Federal.

“As operações brasileiras são as que mais crescem no mundo na divisão agrícola – 30% ao ano. Isso é mais que o dobro da média mundial e exige investimentos”, afirmou Rissi. “Por esse motivo, a maior parte do investimento da DuPont Pioneer previsto para o ano de 2013 virá para o Brasil”.

Na área de milho, a múlti pretende investir outros US$ 60 milhões na modernização de suas duas unidades do Rio Grande do Sul e nas duas que mantém em Goiás. A intenção é elevar a capacidade total de produção para 7 milhões de sacas de milho por ano. Hoje, as sementes de milho da Pioneer representam 30% do mercado doméstico, mas atendem também Venezuela e Paraguai. A empresa não informou em quanto esses investimentos poderão elevar sua participação no mercado.

A necessidade de capacidade de produção de sementes de milho da Pioneer é uma resposta ao bom cenário para a comercialização da commodity no país, que deverá se consolidar como um dos três maiores exportadores globais nos próximos anos.

De um lado, o domínio de novas tecnologias (transgênicas ou não) fizeram a produtividade ser alavancada no campo, reduzindo as perdas do agricultor. De outro, novas possibilidades comerciais para o Brasil foram abertas com o avanço da produção de etanol nos EUA, que reteve mais milho no próprio mercado americano. A seca americana deste ano jogou a pá de cal ao diminuir os estoques globais do cereal, elevar seu preço e aquecer a demanda. Essa janela de exportação mudou a lógica da cadeia de milho no Brasil.

“Deixamos de ser apenas exportadores de milho ‘embalado em frango'”, diz Cássio Camargo, diretor-executivo da Associação de Produtores Paulista de Sementes (APPS), referindo-se ao fato de o país utilizar boa parte de seu milho para ração de aves e suínos, itens importantes da pauta exportadora brasileira.

“Hoje, exportamos milho mesmo”. As exportações do cereal produzido na safra 2011/12 poderão alcançar o recorde histórico de 20 milhões de toneladas, estima a APPS. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projetam entre 17 milhões e 18 milhões de toneladas, também um recorde.

Nessa corrida, o investimento em pesquisa e inovação é fundamental. Sem abrir números, a DuPont Pioneer revela que investe 5% do seu faturamento anual dentro dos laboratórios. No Brasil, a companhia possui seis deles.

Em 2013, iniciará a construção de sua sétima estação de pesquisa, desta vez na região de Guarapuava, no Paraná. A unidade será destinada a pesquisas com soja e deverá começar a funcionar já em 2014. “Em todas essas operações, acrescentaremos mais 200 vagas diretas em dois anos”, disse Rissi.

No Brasil, a DuPont como um todo – áreas química, de proteção e agrícola – faturou em 2011 R$ 2,4 bilhões. A companhia, no entanto, não divulga dados específicos por área de atuação.