Com potencial para produzir 185 milhões de toneladas de grãos, 20 milhões a mais do que na safra passada, e com potencial de maior produtor e exportador de soja do mundo, o Brasil se prepara agora para enfrentar um grande desafio: a logística. Esse foi o principal tema discutido hoje pela manhã em Goiânia durante o lançamento oficial da 7ª edição da Expedição Safra, que contou com a presença de 120 pessoas entre lideranças políticas e do setor de agronegócios, profissionais da área e produtores.
Os números ainda vão se confirmar nas próximas semanas quando as equipes da Expedição concluírem a checagem nos estados do Centro-Norte e Sudeste, que seguem o roteiro que teve início pelo Centro-Oeste e Sul do Brasil. A ampliação da área destinada ao plantio de soja e o aumento da produtividade das lavouras de milho devem resultar em uma safra recorde. “O país está vivendo uma ótima fase. Os estoques mundiais estão baixos por causa da quebra da safra americana e os preços estão bons. Para o Brasil é a hora de assumir seu papel como um dos principais produtores e exportadores mundiais de commodities agrícolas”, afirma Giovani Ferreira, gerente de Agronegócio da Gazeta do Povo e coordenador da Expedição Safra.
Porém, destaca Ferreira, em relação à temporada anterior, o potencial produtivo é de 20 milhões de toneladas a mais, do ponto de vista logístico, uma importante questão a ser discutida. A temática é tão relevante que a FAEG, Federação da Agricultura do Estado de Goiás, junto com outras federações dos estados do Centro-Oeste encomendaram um estudo sobre a logística na região. Somente Goiás deve produzir 20 milhões de toneladas de grãos nesse ciclo e para o presidente da entidade, José Mário Schreiner, é preciso ter informações para conhecer o melhor percurso para a safra. Ele estima que para melhorar a infraestrutura, da porteira até o embarque para a exportação, serão necessários mais de R$ 120 bilhões em obras. “Sabemos que não é possível para o governo fazer todas as obras, mas a iniciativa privada também tem interesse nas melhorias e pode investir”, conclui.
O representante do Ministério da Agricultura (Mapa) no evento, o chefe da Assessoria de Gestão Estratégica do Mapa, Derli Dossa, afirmou que o Governo tem feito muito esforço para atender a demanda, como por exemplo, a construção de armazéns públicos. E que, apesar de muitos acharem a logística brasileira é ineficiente, ela tem melhorado nos últimos anos. Para Dossa, a iniciativa privada também tem cumprido seu papel. “Essa questão nos preocupa, é o tema mais trabalhado no MAPA nos últimos tempos, mas não é um grande trauma para o ministério. Existe uma distribuição da safra e isso nos dá uma folga”, explica.
Lançamento
Durante o lançamento, o coordenador da Expedição Safra apresentou uma prévia de como será a safra brasileira. Segundo dados do projeto, nessa temporada o país irá plantar um total de 54,5 milhões de hectares. A soja ocupará uma área de 27, 5 milhões de hectares, 9% a mais do que no ciclo passado, com potencial produtivo de 81 milhões de toneladas. Já o milho perde espaço para outras culturas como a própria soja e o algodão e deverão ser produzidas 36, 7 milhões de toneladas. Mesmo assim a produção será maior por causa da recuperação da produtividade. “Essa é apenas uma estimativa considerando as variáveis como clima e incrementos tecnológicos”, explica Ferreira.
Esse ano a Expedição amplia seu roteiro e inclui mais um estado no percurso, o Pará. Com isso serão 13 estados a serem visitados nas etapas de plantio e colheita. Para avançar na discussão de mercado, o projeto vai visitar também a Índia, um dos players consumidores que vem se destacando no cenário mundial.
Para o presidente da FAEG, a Expedição Safra já se consolidou como um dos mais importantes indicadores de safra e fonte de informação ao longo de sete edições. “Nós temos dados oficiais, como Conab e Ministério da Agricultura, mas a inserção da iniciativa privada no processo é muito importante porque traz novas informações e agilidade ao processo”, conclui.
O presidente do IAPAR – Instituto Agronômico do Paraná, Florindo Dalberto, também destacou a importância da comunicação entre os elos da cadeia produtiva que é uma das principais propostas do projeto. “A Expedição Safra é uma iniciativa que opera no principal insumo da produção agrícola moderna que é o conhecimento para tomada de decisões”, afirma.
O evento de lançamento foi seguido de uma agenda no Ministério da Agricultura em Brasília. Onde foram abordados temas como logística, exportação, seguro rural e projetos de infraestrutura. Sobre a preocupação logística, com a safra maior em 13%, o ministro afirma que “grande parte da produção da próxima safra já tem mercados e contratos definidos e que precisamos ampliar a oferta dos modais ferroviário e hidroviário, assim como ampliar a capacidade operacional dos portos”.
Sobre a Expedição Safra
Na estrada desde o ciclo 2006/07, a Expedição Safra realiza um levantamento técnico-jornalístico da produção de grãos da América do Sul à América do Norte. A sondagem periódica ocorre em 13 estados brasileiros, mais as regiões produtoras dos Estados Unidos, Paraguai e Argentina. Para ampliar a discussão de mercado, nas últimas duas safras os técnicos e jornalistas ampliaram o trabalho de campo com incursões à Europa (Alemanha, Holanda, Bélgica e França) e China. E nesta temporada desembarca na Índia. Desenvolvida pela Gazeta do Povo, do Grupo Paranaense de Comunicação (GRPCom), na edição 2012/13 a Expedição conta com apoio técnico da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e Toyota e apoio institucional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com patrocínio do grupo Ceagro/LosGrobo, Governo do Paraná, New Holland, Caixa, UPL/DVA, Intacta RR2 PRO e Seara. Mais informações: www.expedicaosafra.com.br.