As empresas do segmento de máquinas e implementos agrícolas ligadas à Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) preveem encerrar 2012 com faturamento total da ordem de R$ 10 bilhões, 12% a mais que no ano passado.
Segundo estimativas das empresas associadas à Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da entidade, as importações deverão aumentar 35% em relação a 2011, quando alcançaram US$ 583,3 milhões, e as exportações tendem a recuar 3%. No ano passado, foram US$ 997,1 milhões.
Essas projeções não levam em consideração as grandes máquinas (tratores e colheitadeiras) das companhias representadas pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), tampouco componentes.
Como informou ontem o Valor, estudo elaborado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) aponta que, no total, as importações de máquinas e implementos agrícolas deverão somar US$ 1,809 bilhão em 2012, 11,2% acima do ano passado.
No caso dos números computados pela Abimaq, de janeiro a outubro as exportações recuaram 11% ante o mesmo período de 2011, para US$ 727,152 milhões, e as importações subiram 23,4%, para US$ 597,425 milhões.
Para a Abimaq, o crescimento das compras no exterior e os embarques menores expõem a queda da competitividade da indústria brasileira. A situação é contrabalançada pelo aquecimento das vendas internas, embaladas pela alta dos preços das commodities agrícolas, principalmente dos grãos. Para 2013, a expectativa da entidade é que o faturamento total de suas associadas no segmento aumente cerca de 10%.
No universo representado pela Abimaq, a importação de implementos agrícolas mais que triplicou de 2007 para 2011. Embora os números apontem essa tendência ascendente, o valor das importações ainda é pequeno frente ao faturamento total do segmento, segundo Celso Casale, presidente da CSMIA.
Além disso, diz, as máquinas estrangeiras não atendem à gama total da demanda brasileira. São principalmente pulverizadores, acessórios e equipamentos para pecuária.
Apesar de ainda representar cerca de 10% da receita total das empresas associadas à Abimaq, Casale considera o crescimento das importações preocupante, sobretudo em alguns nichos.
Os produtos vêm principalmente de países europeus – como Alemanha, Itália e França – e dos Estados Unidos. Com a desaceleração da economia europeia, as empresas estão de olho em mercados alternativos. “As empresas estão buscando pontos de entrada para o Brasil”, afirma Robson Zófoli, diretor comercial da brasileira Jacto.
O preço final dos equipamentos importados é cerca de 10% inferior ao praticado pelas companhias brasileiras ou está muito próximo ao similar nacional, conforme a Abimaq. O custo de produção de máquinas no Brasil é cerca de 30% a 40% maior que em países desenvolvidos, de acordo com Casale. Os motivos são velhos conhecidos: custo alto de energia, aço, impostos e mão de obra, entre outros.
No caso das máquinas de maior valor agregado, a situação não é diferente. Levantamento feito por Milton Rego, vice-presidente da Anfavea, aponta que a produtividade média da mão de obra nas indústrias no país caiu de um índice de 565 (relação entre faturamento e número de empregados), em 2002, para 491, em 2011. Rego afirma que as importações das empresas associadas à Anfavea é pequena, mas que são crescentes por parte de companhias que não fazem parte da entidade. Nesse caso, as compras são, sobretudo, de pequenos tratores provenientes do Sudeste Asiático.
Casale afirma que a indústria nacional tem capacidade de suprir essa lacuna hoje preenchida pelos importados, mesmo porque a ociosidade média nas fábricas é superior a 20%. “Mas implicaria fazer mais estoque e o fabricante quer reduzi-lo em função do alto custo”.
A perda de competitividade da indústria brasileira de máquinas faz também o país perder mercados lá fora. Em alguns produtos, a perda é de 100%. É o caso do México, segundo Casale. O câmbio mais favorável nos últimos tempos também não é suficiente para mudar a situação, diz ele, pois é difícil prever em que nível estará o dólar em 60 ou 90 dias.