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Líder da FAO

Espanhol concorre com o brasileiro José Graziano da Silva pela direção da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura.

Líder da FAO

O Brasil terá mais dificuldades do que se previa na disputa pela direção-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), com a entrada de um europeu na disputa.

A Espanha anunciou a candidatura de Miguel Angel Moratinos, ex-ministro das Relações Exteriores da Espanha. Isso pode tirar votos latino-americanos e africanos que o Brasil espera para seu candidato, José Graziano da Silva.

No governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil foi repetidamente derrotado em tentativas de obter a direção da Organização Mundial do Comércio (OMC), da União Internacional de Telecomunicações (ITU), da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) e outros cargos, em parte por causa da persistência africana de votar em candidatos europeus.

A expectativa brasileira era de melhor chance agora na FAO. O governo chegou a enviar missão especial à Africa, no ano passado, para levar cerca de 50 ministros africanos de Agricultura a Brasília, para uma reunião com Lula. A visão brasileira é que pode jogar com a carta de país que fornece ajuda ao desenvolvimento agrícola, ao invés de prover recursos.

No contexto atual de reforma da governança global, a chance de candidatos do Sul e de emergentes deveria ser maior. Um europeu dirigir uma entidade focada nos países em desenvolvimento e suas políticas agrícolas parece esquisito.

Mas observadores acreditam que Moratinos, com enorme trânsito nos países de língua espanhola, poderá atrair votos da América Central e provavelmente do México, país que raramente apoia o Brasil nos foros internacionais.

A Espanha espera ainda contar com a máquina europeia para ajudar Moratinos a ter apoio de africanos, que recebem acesso preferencial no mercado europeu para boa parte de seus produtos agrícolas. A União Europeia tem o peso do continente no orçamento da ONU, e a Espanha é o principal contribuinte não obrigatório da FAO.

A FAO assumiu um papel mais relevante desde as turbulências sociais em vários paises, em 2008, causadas pela explosão dos preços de alimentos. Para o Brasil, ter mais poder de influência na FAO é importante também pelo debate sobre futuro da produção de carnes.

A agência vem incorporando a posição de vários países desenvolvidos, que visa a frear a produção de carne bovina. Alega que, no ritmo da demanda atual, a produção mundial de carnes precisará dobrar até 2050 e isso se traduzirá em enormes pressões sobre a saúde dos ecossistemas, a biodiversidade, os recursos em terras e florestas e na qualidade da água, além de contribuir de maneira significativa para o aquecimento do planeta.

A FAO defende taxação da pecuária para reduzir os estragos ao ambiente causados pela produção de carnes. A proposta afeta grandes exportadores, como o Brasil.

A candidatura do brasileiro Graziano foi apresentado na FAO no fim do ano. A lista de candidatos será fechada no final de janeiro. A eleição ocorrerá em julho. Outro candidato forte é Indroyono Soesilo, da Indonésia, já em campanha há um bom tempo.