O Egito, que entrou no décimo dia de tensão política, deve sofrer consequências econômicas em decorrência da instabilidade causada pela onda de protestos de manifestantes contrários ao governo Hosni Mubarak. No caso das relações comerciais com o Brasil, os efeitos deverão ser percebidos na queda de vendas de carnes de boi e frango, além de minério e açúcar.
A previsão é do vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Fábio Martins Faria, que concedeu entrevista nesta ontem (3), pela manhã, ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional. Para o empresário, as perdas serão observadas a longo prazo e durante o ano de 2011.
“Quando analisados alguns setores específicos há preocupação, por exemplo, no ano de 2010, o Egito foi o terceiro maior mercado para carnes de boi que o Brasil exporta, então isso é preocupante, assim como também para óxido de alumínio foi um mercado importante, para açúcar, carne de frango”, disse Faria.
O Brasil já negociou com o Egito um tratado de livre comércio para facilitar os acordos na área e reduzir a burocracia. Mas a medida ainda tem de ser ratificada pelo Congresso Nacional, o que deve ocorrer este ano.
As relações comerciais entre o Brasil e o Egito envolvem principalmente as regiões de São Paulo e do Paraná. Os principais produtos de interesse dos egípcios em relação ao Brasil são o minério de ferro, a carne bovina, o açúcar de cana e os aviões.
Apenas em 2009, as exportações brasileiras ao Egito somaram US$ 1,305 bilhão, significando ampliação de 3,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando as vendas atingiram US$ 1,260 bilhão.
A participação egípcia nas exportações totais do Brasil subiu de 0,7% para 0,9% em 2009. Nas importações, houve queda de 58,4% nas aquisições, passando de US$ 203,1 milhões para US$ 84,4 milhões. A participação do país no total das aquisições nacionais foi de 0,07% no acumulado do ano.