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Economia

Brasil cumprirá meta de inflação de 4,5% no próximo ano

Para Fundo Monetário Internacional, Brasil cumprirá meta de inflação de 4,5% no próximo ano.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) vê sinais de superaquecimento da economia brasileira e alerta para riscos da rápida expansão de crédito, mas confia que o Banco Central conseguirá cumprir a meta de inflação em 2012. As projeções do organismo, divulgadas ontem no seu relatório Panorama Econômico Mundial, são de que a inflação fique em 5,9% em 2011 e em 4,5% em 2012.

As projeções do FMI estão em linha com o discurso do BC de que a inflação vai ficar acima do centro da meta em 2011, definida em 4,5%, em virtude de efeitos primários de choques de oferta como alta de preços de alimentos e minerais, mas vai convergir para o objetivo em 2012, também fixado em 4,5%. O mercado financeiro está mais pessimista, projetando inflação de 6,3% em 2011 e de 5% em 2012.

No Brasil, muitos analistas econômicos têm afirmado que, para a inflação recuar para a meta, o crescimento econômico tem de cair para níveis entre 3% e 3,5%. Na projeções do FMI, porém, a inflação entra na meta com um crescimento econômico de 4,5% em 2011 e de 4,1% em 2012.

Apesar de mostrar confiança na capacidade de o BC controlar a inflação, o FMI assinala que o Brasil acendeu luz vermelha em vários indicadores de superaquecimento da economia. O organismo avaliou os riscos de superaquecimento em 19 economias e o Brasil está no grupo de quatro economias mais aquecidas, ao lado de Argentina, Indonésia e Índia.

O crescimento da economia brasileira, diz o FMI, está acima da tendência observada antes da crise econômica. O chamado hiato do produto, medida da capacidade ociosa da economia, já está no terreno positivo. E a taxa de desemprego encontra-se abaixo da média observada entre 2002 e 2007. Para o FMI, a inflação corrente acende a luz amarela. O Brasil, por outro lado, é o único país no grupo de 19 economias examinadas, ao lado da China, que subiu as taxas de juros para combater os riscos de inflação.

O organismo faz alerta também sobre o crescimento do crédito no Brasil e outras economias emergentes, como Turquia e Colômbia. “O crédito quase dobrou em termos per capita nesses países”, afirma o FMI. “Expansões desse tipo são próximas a experiências anteriores de ‘booms’ de crédito seguidos de estouro.” O relatório assinala, porém, que o Brasil vem tomando medidas prudenciais.

Ontem, na entrevista que apresentou o relatório, o diretor-assistente de Pesquisa do FMI, Jorg Dedressim, sinalizou que a instituição apoia as medidas prudenciais e de controle de capitais adotadas pelo Brasil. “Medidas para conter fluxos de capitais e outras medidas macroprudenciais são instrumentos apropriados para usar, e isso é o que temos visto acontecer em alguns países da América Latina, como Brasil.”

Na semana passada, o FMI divulgou uma cartilha em que lista as pré-condições para os países adotarem medidas de controles de capitais. Para usarem esse tipo de instrumento, as economias têm que ter uma taxa de câmbio sobrevalorizada, precisam ter acumulado um nível mínimo de reservas internacionais e devem ter a economia superaquecida.

Num conjunto de indicadores divulgados pelo FMI, a taxa de câmbio brasileira é representada com uma luz vermelha, o que significa que ela está mais valorizada dos valores esperados a médio prazo levando em conta os fundamentos da economia.