A pressão sobre as ações da Brasil Foods (BRFS3) deve continuar mesmo após a forte queda de 6,27% dos papéis ontem (08/06), avaliam os analistas após a relatoria do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) pedir a reprovação total da operação. O relator do caso, Carlos Ragazzo, se mostrou contra a operação apontando diversos fatores negativos da união das duas companhias. Entre eles, o aumento dos preços dos produtos e a concentração excessiva em alguns segmentos, como o de margarina e carne In natura.
O banco Santander colocou o preço-alvo e a recomendação para os papéis da empresa em revisão, mostra relatório publicado hoje. “Considerando que o anúncio de ontem recomenda a desintegração total da Sadia com a Perdigão, envolvendo as marcas, assim como exportações. Neste cenário, não há sinergias entre a Sadia e a Perdigão, pois as duas companhias seriam mantidas separadas”, mostra relatório assinado por Gabriel Vaz de Lima e Luis Miranda.
O Itaú BBA, por sua vez, manteve a recomendação de desempenho acima da média e um preço-alvo de 29,7 reais para a empresa. Apesar disso, afirma que a ação não estava precificando tal cenário e, portanto, ainda há potencial de uma nova queda até que a “visibilidade seja resgatada”, explica Juliana Rozenbaum. A Raymond James rebaixou a recomendação para as ADRs da Brasil Foods de Market perform (desempenho em linha com a média) para underperform (desempenho abaixo da média), segundo relatório assinado pela analista Daniela Bretthauer.
O julgamento foi suspenso após o conselheiro Ricardo Ruiz pedir vistas do parecer do relator. Para o conselheiro, os argumentos apresentados pela Brasil Foods para justificar a fusão não são suficientes para garantir a livre concorrência no mercado de carnes industrializadas, embutidos e outros segmentos em que a companhia atua. Ruiz afirmou que seguirá o voto do relator. O caso deve ser retomado no dia 15, quando Ruiz deve trazer o seu voto.