A agricultura brasileira tem evoluído de forma expressiva, especialmente nos últimos 40 anos. Hoje, os produtores rurais têm à sua disposição equipamentos que incorporam tecnologias altamente eficazes; as inovações minimizam os possíveis riscos de impactos sobre o ambiente e a segurança dos aplicadores, além de aperfeiçoar as técnicas já utilizadas no passado. No entanto, temos uma palavra que nem sempre está no cotidiano do produtor rural: a “gestão”. O significado de gestão assim pode ser descrita conforme nosso Aurélio Miguel “ato de gerir, administração, direção”.
No entanto, pode-se ficar pensando, ato de gerir, administração, direção, o produtor deve-se perguntar será que não estou fazendo minhas atividades corretamente? Estou tendo recursos extraordinários, meus empréstimos estão em dia, e por que então devo me reverenciar a “gestão empresarial no campo”? Eis aí, caros produtores, têm-se muito a aprender nesta área. Pergunto a vocês: saberiam dizer-me qual seu lucro líquido em sua atividade? Qual a depreciação de suas máquinas? Será que o custo com defensivos e fertilizantes está sendo avaliado de forma adequada?
Segundo pesquisas recentes do Instituto Biológico de São Paulo, há possibilidade de diminuir o volume de calda por hectare, por exemplo, reduzir o gasto com deslocamento de máquinas, pessoas, tempo de abastecimento, entre outros, todos gastos que nem sempre são contabilizados nas planilhas de Excel que fazemos semanalmente. Estas situações e questões que precisamos responder todos os dias e isso somente será possível se tivermos gestão, se administrarmos nossos recursos, pessoas, máquinas, enfim, todas as atividades oriundas do campo. Será que não está na hora de trazermos a gestão para dentro de nossas porteiras? Eis a resposta: sem dúvida, é fundamental para uma agricultura sustentável, além disso, devemos nos preparar para cobranças da sociedade urbana, que irá impor nos próximos anos mais adventos como rastreabilidade, qualidade dos alimentos, preservação do meio ambiente (neste caso somos referência mundial, mas não somos vistos desta forma) e além de tudo devemos ser grandes gestores.
Para que todas estas mudanças sejam convergentes, é preciso quebrar paradigmas culturais, desafiar-se e desafiar, competir, ajudar, compartilhar, gerir e improvisar em nosso cotidiano e nossos hábitos já rudimentares. O fato é, caro produtor, terá muito trabalho pela frente, a agricultura mundial precisa de sua força, de seu entusiasmo, de suas habilidades, pois temos cerca de 1 bilhão de pessoas passando fome, ou seja, a fome que dói, que infelizmente tira vidas, de nossos “amigos” do outro lado do planeta. Recentemente li uma frase de um grande gênio na arte de inovar e descrevo para pensarmos em nosso futuro e nossos desafios “Não faz sentido olhar para trás e pensar: devia ter feito isso ou aquilo, devia ter estado lá. Isso não importa. Vamos inventar o amanhã, e parar de nos preocupar com o passado.” (Steve Jobs). Talvez seja nossa receita para “gerir” o nosso futuro e implantar habilidades, que nos faltam, para continuarmos neste compasso a sermos exímios lideres mundiais em tecnologia e produção.
Por Jose Annes Marinho, engenheiro Agrônomo, gerente de Educação da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) e MBA em Marketing pela FGV