Com uma previsão de render 27 milhões de toneladas em 2012, a segunda safra de milho já se consolidou e o termo safrinha apenas é lembrado pelas iniciativas feitas há mais de uma década em diversos estados brasileiros, de acordo com a Embrapa. Odacir Klein, presidente-executivo da Ubrabio (União Brasileira do Biodiesel), destaca um “detalhe” inquestionável quando o debate são os investimentos maciços feitos nessa época de plantio. “A produção da safra de verão de milho deverá chegar a 37 milhões de toneladas. Já a da segunda safra chegará a 27 milhões. Temos um consumo interno de 50 milhões de toneladas de milho. Ora, sem a segunda safra, teríamos uma carência de 13 milhões de toneladas do cereal”, pontua.
Klein acentua que a segunda safra de milho é fundamental para o abastecimento do País e para que sejam criados excedentes exportáveis. Somente no Mato Grosso, principal estado produtor, a produção chegará a 9,4 milhões de toneladas, ultrapassando o Paraná, que deve ficar em nove milhões de toneladas.
Mesmo antes de semeado, o milho de segunda safra, que começará a ser plantado após a colheita da soja no Mato Grosso, tem expressiva parcela já vendida. Entre os principais mercados consumidores, destaque para Arábia, Colômbia e Coreia do Sul.
Entre as previsões apontadas por Klein, estão: o aumento da demanda por proteínas animais, o crescimento do volume de milho para etanol, aumentos expressivos da produtividade e três situações que deverão ocorrer no mercado internacional: a China aumentará as importações, a Argentina buscará agregar valor ao cereal, transformando o milho em combustível e em ração de aves, e os EUA passarão por um cenário competitivo entre o milho destinado para etanol e a quantidade do cereal que deverá ser destinada às exportações.
Liderança – Parte dessa conjuntura será comum ao Brasil, na visão do produtor rural e prefeito do Município de Lucas do Rio Verde-MT Marino José Franz. “O Mato Grosso deverá agregar valor ao produto. Temos um potencial muito grande, mas temos também que diversificar nossa produção, viabilizando o segmento de carnes. Essa será a principal maneira de viabilizarmos nosso principal negócio, a agricultura”, disse. E em uma situação semelhante aos Estados Unidos, maiores produtores de etanol a partir do milho, Marino destaca que a falta de logística de Mato Grosso levará o estado a investir nessa possibilidade. “Reproduzo aqui uma afirmação do ex-governador Blairo Maggi: iremos produzir etanol a partir do milho”, destacou.
O prefeito apresentou, em painel sobre o escoamento da produção do milho de segunda safra, dados que colocarão o Estado de Mato Grosso na liderança da produção agrícola. “Mato Grosso é a única região viável para o plantio da segunda safra em escala no mundo”, afirmou. A projeção de Marino Franz é que a produção de milho ultrapasse as 16 milhões de toneladas em 2014, com mais 10 milhões de hectares de área sendo incorporados à agricultura provenientes de pastagens. “Não haverá estrada para suportar essa produção. É sete vezes mais em conta transportar frango do que milho. Por isso, o setor de carnes viabilizará nosso principal negócio”, antecipou.
Diante desse contexto, o prefeito reforçou o crescimento do município proporcionado pela agricultura. De R$ 106 mil em 1996, o PIB subiu para R$ 1,3 milhão em 2011. “O próprio Brasil não conhece o potencial do nosso estado. Ou temos opções concretas para melhorias na logística de transporte, com a viabilização de ferrovias para nos ligar ao Pacífico, ou teremos realmente que investir em consumo”, frisou. Hoje, o custo do frete de grãos até o porto mais próximo representa mais de 45% do valor obtido pela venda de uma tonelada de grãos. Já em Ponta Grossa, esse valor representa apenas 8%.
Orientação – O Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira (24) publicou portarias que indicam os municípios com as melhores condições climáticas para o plantio do milho segunda safra. O estudo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) recomenda o plantio no Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Rondônia, Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
A segunda safra de milho é cultivada após uma cultura de verão. Conhecida como safrinha, pode ter sua produtividade bastante afetada pelo regime de chuvas e por limitações de radiação solar e de temperatura na fase final de seu ciclo. O zoneamento agrícola identifica os períodos de semeadura de menor risco climático.