A FGV Projetos, da Fundação Getúlio Vargas, se prepara para captar US$ 1 bilhão, por meio de um fundo coordenado pelo DWS Investments, gestor pertencente ao Deutsche Bank, para financiar os primeiros empreendimentos de seu Projeto Tropical Belt. A iniciativa pretende ajudar a criar um cinturão de produção de alimentos e biocombustíveis em países tropicais. A fase de financiamento se sucede a quatro anos de estudos e análises para verificar a viabilidade econômica da produção de biomassa e alimentos em 12 nações da África e da América Central.
Conforme o coordenador da FGV Projetos, Cléber Lima Guarany, em setembro, a instituição capitaneou um road show pela Europa para apurar o apetite do investidor por esse tipo de projeto. Daí se chegou ao valor inicial de US$ 1 bilhão.
“O resultado foi muito bom. É grande o interesse pelo setor agroindustrial nesses países”, afirma.
O DWS Access Global Biopportunity Fund será estruturado no primeiro semestre de 2012. A partir daí um novo road show será realizado, mas desta vez para captar recursos, oriundos de investidores brasileiros e internacionais. O dinheiro será usado para a instalação de duas plantas de etanol, um complexo industrial para processamento de um milhão de toneladas ao ano de soja e 10 termelétricas a biomassa em alguns países que integram o projeto.
Os locais ainda não foram definidos. Fazem parte do Tropical Belt Senegal, Libéria, Moçambique, Zâmbia, Guiné Bissau, Guiné Conarky, Haiti, Guatemala, República Dominicana, El Salvador, Honduras, Ilhas St. Kitts & Nevis.
De acordo com Guarany, a ideia do Tropical Belt, que conta com assessoria técnica da Embrapa, é reduzir a dependência da importação de alimentos e combustíveis dos países que fazem parte do projeto.
“Nos estudos realizados, percebemos um grande potencial para a produção de alimentos e biocombustíveis, especialmente na África. Existe mão de obra, que tem que ser treinada, existe terra. O que falta é, basicamente, investimento”, diz.
Os estudos realizados pela FGV Projetos se dividem em duas partes. Verifica-se o potencial de produção de várias culturas de forma competitiva, como cana, palma, algodão, soja, milho e arroz. Depois é feito o projeto, que aborda, entre outras coisas, a viabilidade econômico-financeira, a fim de que possa atrair a participação da iniciativa privada. Os resultados dos estudos relacionados à África são animadores, segundo Guarany.
“Usando apenas 0,5% da área territorial de Moçambique e Zâmbia, por exemplo, toda a importação de arroz e açúcar, 50% da de milho e 80% do óleo palma poderia ser suprimida”, pontua.
Ele ainda ressaltou que os projetos têm a característica de não gerar competição entre a produção de alimentos e biocombustíveis. O Projeto Tropical Belt resulta de acordos de cooperação técnica entre Brasil, Estados Unidos e Comissão Europeia e tem apoio de instituições como a Embrapa, Apex, BID, Itamaraty, entre outros.