Desde a semana do Natal, quando as primeiras lavouras de soja superprecoce foram colhidas em Mato Grosso, as máquinas passaram por 1,5% dos pouco mais de 6 milhões de hectares cultivados no estado neste ano. As regiões Oeste e Médio-Norte, que normalmente dão o pontapé inicial dos trabalhos de campo, são as mais adiantadas. O índice de colheita chega a 6% em Sapezal e a 5% em Lucas do Rio Verde, por exemplo.
Em dezembro de 2009, já havia atividade no campo também no Centro-Sul e no Sudoeste de Mato Grosso, onde a colheita da soja costuma começar somente em janeiro. Em alguns municípios dessas regiões, como Campo Verde, o porcentual colhido já alcança 2%. Os dados são do Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea).
“O plantio começou na mesma época do ano passado, mas foi mais concentrado”, explica o superintendente do órgão, Seneri Paludo. As chuvas de setembro, que costumam chegar antes ao Oeste, atingiram o estado por igual neste ano e permitiram uma rápida evolução do plantio logo no começo da temporada. Com isso, haverá antecipação da colheita. Até o final de janeiro, cerca de 4 milhões de toneladas já devem ter saído do campo em Mato Grosso (22% da produção prevista), estima o Imea. No mesmo período do ano passado, foram 2,7 milhões (16% da safra daquele ano).
A antecipação da colheita dá vantagem ao produtor mato-grossense, que pode conseguir preços melhores no mercado disponível, já que vende parte de sua produção numa época em que há menor oferta de soja. “Da lavoura, vai direto para o caminhão”, conta Eliseu Scheffer, do Grupo Scheffer, que cultiva 42 mil hectares de soja na região de Sapezal e Campos de Júlio, no Oeste do estado.
De acordo com Angelo Massambani, agrônomo responsável pelo planejamento do grupo, a colheita começou no dia 23 de dezembro e, até a primeira semana de janeiro, 12% da área já havia sido coletada. O rendimento médio inicial está abaixo do almejado pelo grupo, mas é considerado satisfatório para variedades superprecoces, que rendem menos que as de ciclo mais longo. Por enquanto, são 52 sacas por hectare de média, contra 54 sacas no ano passado. “Queremos fechar esta temporada com 57, 58 sacas”, pondera.
Segundo Massambani, nos últimos dois anos, o Grupo Scheffer antecipou o início da colheita da soja para dezembro. “Mas no ano passado colhemos menos que neste ano.” A pressa é para fazer a safrinha de milho e algodão – este último já tinha 2 mil hectares plantados em dezembro de 2009.