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Agroindústria

BRF deixa de abater peru em Carambeí e desativa Cavalhada

Segundo José Antonio do Prado Fay, presidente da Brasil Foods, mudanças já vinham sendo planejadas antes da união entre Perdigão e Sadia e não são consequência do negócio.

A BRF Brasil Foods, nome da Perdigão após a incorporação da Sadia em maio de 2009, decidiu suspender a produção e o abate de perus em Carambeí (PR) e concentrar o negócio em Mineiros (GO) – ambas as unidades são da antiga Perdigão. A empresa também vai desativar a planta de Cavalhada, em Porto Alegre (RS), e transferir a produção de frango para Lajeado (RS). O presidente da BRF, José Antonio do Prado Fay, afirma que as duas medidas já vinham sendo planejadas antes da união entre Perdigão e Sadia e não são consequência do negócio. “São plantas que tinham dificuldade e continuam a ter”, diz.

Sobre a suspensão do abate de perus na planta paranaense, Fay afirma que “já faz algum tempo que decidimos [pela mudança] porque Carambeí não é o melhor local para produção de perus”. De fato, há dois anos o Valor visitou granjas de produção de perus na região de Carambeí e já havia a intenção de reduzir a produção da ave na localidade porque a planta de Mineiros estava sendo concluída.

A então Perdigão entrou no abate de perus em 2000 com a compra de 51% da área de carnes da Batávia. Antes da união com a Sadia, sua fatia nesse mercado era bem menor do que a da ex-rival, que está há 41 anos no segmento. No Brasil, a participação da Brasil Foods é de quase 90% do mercado de peru, segundo estimativas do setor. As plantas de peru da antiga Sadia estão localizadas em Chapecó (SC), Uberlândia (MG) e Francisco Beltrão (PR).

Uma das razões para levar a produção de Carambeí para o Centro-Oeste, onde a antiga Perdigão instalou sua unidade de perus em Mineiros, em 2007, é a maior competitividade dos preços dos grãos usados na ração das aves, observa Fay. As dificuldades na exportação de peru também contribuíram para a decisão. O principal cliente da carne de peru do Brasil é a Europa, mercado bastante afetado pela crise global. “O peru vem dando resultados ruins há algum tempo na exportação”, admite Fay.

Com a concentração da operação em Mineiros, a unidade vai abater 30 mil perus por dia. A BRF não informa de quanto é o abate hoje.

A empresa já informou aos integrados que deixará de produzir peru em Carambeí. Os hoje criadores da ave passarão a produzir frango para exportação – serão cerca de 500 mil cabeças por dia. Fay estima que serão necessários cerca de R$ 50 milhões para adequar as linhas de abate para frango e os equipamentos dos aviários. Em Carambeí, a companhia também já abate frango e suínos, produz leite e processados.

“Eles [a empresa] alegam que, com a crise, cresceu o estoque de embutidos de peru, e que há mais mercado para frango no mundo”, disse um integrado do Paraná, que prefere não ser identificado.

Luiz Fernando Tonon, secretário de Agricultura de Piraí do Sul, uma das cidades da região onde há produção de perus, lamenta a decisão da BRF e afirma que a produção deve ser encerrada em junho. Segundo ele, no município, de 30 mil habitantes, havia cerca de 40 terminadores de perus e, agora, não passam de sete. “Cortaram aos poucos. Frango é mais rápido. Peru consome mais ração e fica mais em conta produzir em outro lugar”, diz.

No caso de Cavalhada, a razão para desativar a unidade de abate de frangos é que esta ficou dentro da cidade de Porto Alegre. A unidade pertencia à Eleva, adquirida pela Perdigão em 2007, assim como a planta de Lajeado.

De acordo com Fay, com a transferência da produção de Cavalhada, a capacidade de abate em Lajeado vai aumentar 50%, para cerca de 500 mil frangos por dia. Investimentos da ordem de R$ 40 milhões foram feitos no decorrer do ano passado para a ampliação, informa. A mudança deve ocorrer ainda neste trimestre, e os funcionários de Cavalhada terão a opção de se transferir para Lajeado.