Com o avanço da abertura de novos mercados e crescimento das importações de carne de frango de China, Japão, Índia e Rússia, o Brasil planeja se tornar líder mundial do setor.
De acordo com Clever Pirola Avila, presidente da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), atualmente o País já ocupa o primeiro lugar na lista de maior exportador da carne, mas ainda é o terceiro maior produtor.
Segundo Francisco Turra, presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), a Rússia sinalizou aumentar a cota de exportação na categoria “Outros Países”, na qual o Brasil se enquadra, para 150 mil toneladas. “No ano passado, vendemos 50 mil toneladas. Com a ampliação, podemos voltar a casa das 100 mil toneladas.” Ainda de acordo com Turra, este ano, o País já conquistou, embora timidamente, novos mercados, como Timor Leste e Taiwan. “Estamos em vias de embarcar nosso frango à Indonésia.”
De acordo com estatística da Ubabef, 38% do frango nacional exportado vai para o Oriente Médio, 26% para a Ásia, 14% para a União Europeia, 11% para a África, 7% para a América Latina e 4% para outros países da Europa.
Segundo Eduardo Reinaldo Sarmento, analista de mercado da Safras & Mercado, das 11,6 milhões de toneladas da produção nacional, estimada para 2010, o País deve exportar 3,8 milhões de toneladas. “Também abrimos mercado, este ano, com a Turquia, Uruguai e Chile. No curto prazo, somados os três, o volume embarcado deve ser de 30 mil toneladas por mês.”
Para o analista, a ampliação das importações da China pode ocorrer apenas daqui três anos, com o êxodo rural chinês. “As vendas de frango brasileiro para a China poderão atingir 50 mil toneladas por mês”, projeta.
Com relação ao avanço na produção nacional, baseado nas estimativas de crescimento, Sarmento considera em um prazo máximo de nove anos o Brasil ultrapasse a produção de frango dos EUA, atual líder mundial. “Os norte-americanos, que crescem de 1% a 2% ao ano, devem produzir este ano 16,4 milhões de toneladas. O Brasil prevê avançar 5%.”
O mercado russo, segundo o analista, também ampliará comércio com o Brasil. Em 2009, de acordo com números da Safras & Mercado a Rússia importou mais de 720 mil toneladas da carne dos Estados Unidos. “Este ano já reduziu pela metade. As exportações dos Estados Unidos devem recuar até 5%”, afirma.
O Japão em 2009 comprou 307 mil toneladas de frango brasileiro, de acordo com o analista, este ano deve ampliar 5% os negócios.
Apesar da expectativa de avanço nas exportações e produção de frango, o País ainda esbarra em alguns obstáculos, como a instabilidade cambial, o aumento desordenado de alojamentos de pintos no Brasil, e a falta de compensação fiscal no setor.
Para Turra, a avicultura está focada em recuperar preços, já que 2009 foi considerado o pior ano para o setor no Brasil. “O ano passado foi terrível. Em 2010 tivemos pequenos ajustes, mas o ideal seria haver estabilidade cambial.”
De acordo com Turra, a cotação do dólar a R$ 1,92 contribuiria para mudar o cenário de baixa nos preços e manteriam elevadas as exportações. Já Avila espera por parte do governo federal compensação fiscal. “Os créditos de impostos acumulados são convertidos em moeda podre. É preciso facilitar o uso do crédito.” Ainda de acordo com Avila, com o câmbio à média de R$ 1,70, o custo da exportação chega aos patamares dos Estados Unidos. “Tira a nossa competitividade”, afirma.
Para Sarmento, a falta de informação dentro da cadeia produtiva acarretou em crescimento desenfreado no número de alojamentos de pintos, contribuindo também para a queda nos preços. “Em dezembro deste ano houve um aumento de 10%, se comparado a 2007, antes da crise.”
De janeiro a março, o consumo normalmente registra queda de 8%, por se tratar de período de férias e devido ao clima quente.
Dados da Safras & Mercado mostram que em dezembro de 2010, os alojamentos de pintos computaram 494 milhões de cabeças. “Em 2007 foram 450 milhões de pintos”, diz.
De acordo com Sarmento, os preços médios praticados em 2007 giravam em torno de R$ 1,80. “Hoje estão na casa de R$ 1,40, em São Paulo, por conta também do excesso de oferta.”