A presidente eleita, Dilma Rousseff, vai governar a sétima maior economia mundial, posto que o Brasil alcançará em 2011, segundo a projeção mais recente do Fundo Monetário Internacional.
Não será a primeira vez que o país terá chegado lá. A última foi em meados dos anos 90. Mas o Brasil só sustentou a sétima posição por dois anos, indo ladeira abaixo a partir de 1996 até baixar ao 12º lugar em 2002.
Desde então, a volatilidade do crescimento econômico do país diminuiu. Ou seja: o tradicional sobe e desce, ou os chamados voos de galinha, deu lugar à maior estabilidade na trajetória de expansão econômica.
O resultado é que a projeção do Fundo revisada em outubro indica que o país permanecerá no posto de sétima maior economia até, pelo menos, 2015, último ano para o qual há previsões.
Nos últimos anos, a economia brasileira ultrapassou em tamanho a canadense e a espanhola. Em 2010, quase empata com a Itália.
A implicação geopolítica para o futuro governo Dilma dessa consolidação do Brasil entre as potências econômicas pode ser resumida em um clichê: quanto maior o poder, maior a responsabilidade.
“O Brasil está ocupando a posição de países desenvolvidos e, com isso, cresce seu prestígio nas negociações internacionais”, diz Ernesto Lozardo, professor de economia da Eaesp-FGV e autor do livro “Globalização – A Certeza Imprevisível das Nações”.
A contrapartida é resumida por Fernando Cardim, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro: “As responsabilidades do país continuarão aumentando e o novo governo terá de mostrar se está preparado para isso”.
De acordo com especialistas, para que o peso econômico do Brasil continue se traduzindo em crescente voz política, Dilma terá de consolidar os avanços alcançados pela política externa de Lula, como a posição de maior destaque nos fóruns globais.
Mas precisará também lidar com seu legado polêmico, que inclui aproximação com o governo do Irã e críticas a dissidentes cubanos.
Dúvidas
Antes da posse de Dilma, já pairam sobre o novo governo dúvidas sobre seu compromisso com o tripé macroeconômico – responsabilidade fiscal, metas de inflação e câmbio flutuante – que ajudou o Brasil a consolidar a estabilidade econômica e galgar posições no ranking de maiores economias.
Para Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco, a manutenção da política fiscal expansionista mesmo após o Brasil ter emergido da crise e a declaração recente do ministro Guido Mantega (Fazenda), que disse não haver relação entre controle do gasto público e o nível de juros no país, alimentam esses questionamentos.
“Uma política fiscal menos rigorosa torna o tripé capenga ao forçar um aumento de juros e, com isso, uma taxa de câmbio mais valorizada”, diz Goldfajn.
Juros mais elevados para conter o impacto inflacionário de uma política fiscal expansionista tenderiam a prejudicar o crescimento do país nos próximos anos.
Em declarações depois da eleição, Dilma tem tentado dirimir dúvidas em relação ao seu compromisso com a responsabilidade fiscal. O mercado, por enquanto, parece estar dando à presidente eleita o benefício da dúvida.