Impulsionado pela grande oferta no mercado interno, o preço do frango inteiro congelado na indústria atingiu R$ 1,90 em maio, podendo chegar ao prato do consumidor por menos de R$ 3. Somado aos preços em baixa no mercado interno, as exportações, que consomem 35% da produção nacional, ainda não recuperaram os níveis de 2008. Com isso, os avicultores do Estado, que estão sustentando a produção com os preços em queda dos principais insumos da atividade, como milho e farelo de soja, acendem a luz amarela e reivindicam a isenção dos impostos federais PIS e Cofins, conforme ocorreu com a carne bovina, no fim do ano passado.
Segundo a Associação dos Avicultores de Minas Gerais (Avimig), enquanto o custo da produção varia de R$ 2,60 a R$ 2,80, o quilo do frango chega a ser vendido no mercado até por R$ 1,99. “Para suportar esses preços e continuar ofertando o alimento em grande quantidade, precisamos dessa isenção imediata, que vai significar uma queda de 4% nos custos do setor”, defende o presidente da entidade, Antônio Carlos Costa. Segundo ele, o País, que ocupa a primeira colocação na exportação mundial de frango, com a venda das aves abatidas para 151 países, está buscando soluções alternativas, como a expansão do mercado externo, mas a isenção dos impostos é a medida para sustentabilidade da cadeia a curto prazo. “Este ano, o preço do milho desacelerou, mas sempre que isso ocorre, no ano seguinte há uma recuperação muito forte”, diz Marília Martha Ferreira, diretora-executiva da Avimig.
Nos últimos 10 anos, o consumo brasileiro de frango saltou de cerca de 20 quilos por habitante para 42 quilos, superando o da carne bovina. O grande impulso foi dado especialmente pelo preço, que desde o início do Plano Real vem se mantendo em patamares abaixo da inflação. Segundo a Avimig, os volumes exportados pelo Brasil se mantêm estáveis, mas os valores registram queda de 16,8% em relação ao ano passado. O País comercializou US$ 1,3 bilhão, no primeiro trimestre.
Segundo o coordenador da assessoria técnica da Federação da Agricultura de Minas Gerais (Faemg), Pierre Vilela, a avicultura vem conseguindo manter suas margens apostando na escala. Produtores de médio porte mantêm um abate médio de 30 mil a 40 mil frangos a cada 45 dias, enquanto os grandes abatem acima de 100 mil aves no mesmo período.
No ano passado, prevendo a queda do mercado externo e o desvio da mercadoria para a venda dentro do País, a Associação Brasileira de Avicultura (Ubabef) propôs uma readequação da oferta, com a redução da produção de pintinhos. No entanto, o mercado continuou com a produção em alta. Ao contrário dos números nacionais, as exportações mineiras de carne de frango, no primeiro trimestre, alcançaram uma receita de US$ 45,7 milhões, ou crescimento de 44,2% em relação ao mesmo período de 2009.
Preocupação – A maior preocupação no momento é com o futuro. Segundo Vilela, a crise financeira na Europa preocupa. Apesar de a avicultura contar com mercados diversificados, a redução das exportações pode provocar uma derrubada de preços no mercado interno. No entanto, no presente, as expectativas são positivas. “Há uma perspectiva de recuperação de preços no mercado externo e o interno vive um momento de insumos em baixa. Outro ponto favorável é que a avicultura tem a característica de conseguir ajustar a oferta rapidamente, em 60 dias”, comenta.