Redação (12/02/2009)- Os preços médios da carne bovina in natura do Brasil na exportação caíram em janeiro deste ano para o menor valor desde setembro de 2007, aponta a Scot Consultoria, com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior. Em janeiro, a cotação média do produto foi US$ 2,290 mil por tonelada ante US$ 3,053 mil em igual mês de 2008. Em setembro de 2007, o valor havia sido de US$ 2,273 mil, segundo a Scot.
"O cenário aponta para redução de preços. Há menos crédito [para os importadores] e temor de que as vendas recuem", observa Fabiano Tito Rosa, analista da Scot. Nesse quadro, importadores pressionam para pagar mais barato.
Em janeiro, os embarques de carne in natura caíram 38,4% sobre o mesmo mês de 2008, para 73 mil toneladas (equivalente-carcaça).
A queda foi brusca porque em janeiro do ano passado, os exportadores se apressaram para embarcar por conta da iminência das restrições da União Europeia (UE) à carne brasileira. O resultado é que os volumes alcançaram 119 mil toneladas (equivalente-carcaça). Em receita, o tombo também foi grande – 53,7% – saindo de US$ 364,7 milhões para US$ 168,5 milhões.
De qualquer forma, as vendas externas em janeiro ficaram bem abaixo do que o país poderia exportar, diz Tito Rosa. Uma razão são os estoques dos importadores, que devem começar a diminuir.
O analista não descarta que os preços médios nos embarques brasileiros voltem a subir. Mas isso dependerá do ritmo das vendas para a UE. Ou seja, a ampliação no número de fazendas habilitadas para fornecer animais para abate e venda ao bloco é fundamental. Segundo a Scot, em janeiro deste ano, os volumes para a UE somaram 3,37 mil toneladas (equivalente-carcaça) – foram 25,7 mil toneladas em janeiro de 2008.
Mas a esperada abertura do mercado chileno e o déficit na produção mundial – na Argentina, a seca já também reduz a produção – podem ajudar na recuperação das exportações, afirma outro especialista do setor.
A dificuldade nas exportações e a demanda doméstica também fraca derrubam os preços da carne e do boi gordo no mercado interno, mesmo num cenário de oferta restrita de animais. Conforme a Scot, a arroba do boi iniciou o ano a R$ 87 no interior de São Paulo; fechou ontem a R$ 82. Já o traseiro bovino no atacado saiu de R$ 7,70 para R$ 6,20 no mesmo período.