Redação (17/02/2009)- Apesar da quebra da safra de milho de verão, os preços do grão já começam a recuar pressionados pela colheita no país. Além da oferta maior à medida em que as lavouras da safra 2008/09 vão sendo colhidas, a necessidade dos produtores de escoarem os volumes para fazer caixa acaba derrubando as cotações, afirmam analistas.
Segundo o indicador Esalq BM&F Bovespa, a queda no mês é de 5,71%. Levantamento da Céleres mostrou recuo dos preços no mercado disponível em dez praças na semana encerrada em 13 de fevereiro. Em Cascavel (PR), por exemplo, a saca caiu 5%, para R$ 19,00; em Maringá recuou R$ 0,50, para R$ 19,50. Em Rio Verde (GO), a queda foi de 2,6%, para R$ 18,50 e em Campinas, de 4,3%, para R$ 22,00. Já a Safras&Mercado indica que a cotação saiu de R$ 22,50 em Ponta Grossa (PR) no ínicio do mês e fechou a R$ 21,00 na sexta-feira.
"O produtor tem necessidade de fazer caixa", afirma Leonardo Sologuren, da Céleres, citando uma das razões para o aumento da oferta e desvalorização do milho. E a pressão aumenta uma vez que as integrações de aves e suínos têm reduzido a produção e, portanto, a demanda por milho.
O fato é que apesar da quebra de quase 18% na safra de verão de milho do país – estimada em 32,887 milhões de toneladas pela Conab -, o Brasil terá excedentes para exportar. Além da safrinha, cujo plantio está sendo estimulado pela quebra no verão, o país tem hoje um estoque de passagem de milho de 11,8 milhões de toneladas. Nas contas da estatal, a primeira e a segunda safra 2008/09 devem somar 50,3 milhões de toneladas de milho para um consumo de 46,725 milhões. Com um suprimento total de 62,480 milhões, a Conab estima as vendas externas em 9 milhões de toneladas, 41% mais que no ciclo 2007/08.
Sologuren trabalha com uma perspectiva de 10 milhões de toneladas a 11 milhões de toneladas – semana passada, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) colocou o Brasil à frente da Argentina no ranking dos exportadores mundiais de milho, com 9,5 milhões de toneladas.
O clima durante a safrinha, porém, será crucial para que o país consiga exportar tais volumes. Paulo Molinari, da Safras&Mercado, avalia que país tem potencial para alcançar o número previsto pelo USDA. Mas observa que, no primeiro mês deste ano, as vendas externas foram estimuladas pelos leilões de PEP (Prêmio de Escoamento da Produção) do governo e pela quebra da safra na Argentina. Em janeiro, os embarques foram recordes para o mês, alçançando 1,33 milhão de toneladas ante 387,4 mil toneladas em igual mês de 2008.
Mas não é só o clima. De acordo com Sologuren, a alta do dólar encarece o milho americano e abre caminho para o produto brasileiro, que ficou mais competitivo.
Hoje, porém, com a queda nos preços do milho, o mercado doméstico ficou mais vantajoso. Segundo Molinari, da Safras, enquanto no disponível, o produtor recebia R$ 19,50 por saca na região de Cascavel na sexta-feira, na exportação ficaria com R$ 18,00, considerando um preço de R$ 22,00 no diferido do porto de Paranaguá.
O comportamento dos preços já está no radar do governo que esta semana (dia 19) iniciará leilões de contratos de opção para sinalizar preços. A Conab vai ofertar contratos equivalentes a 600 mil toneladas do Paraná e Estados do Centro-Oeste. O preço de exercício da opção com vencimento em 1º de setembro será R$ 18,84 por saca, exceto no Mato Grosso (R$ 15,36).