Redação (26/02/2009)- Com a avaliação de que a crise elevou o risco de calote, o Banco do Brasil aumentou a margem cobrada nos empréstimos para empresas e agricultores no último trimestre de 2008. A alta ocorreu a despeito da pressão de baixa feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nos financiamentos para as pessoas jurídicas, o spread do BB – diferença entre a taxa de captação e o juro cobrado do cliente – subiu 10,6% na comparação com o 3º trimestre. Com isso, a rentabilidade do banco cresceu: enquanto o volume de crédito aumentou 11,2%, o ganho do BB com essas operações avançou 14,2%.
O balanço anual do BB divulgado na semana passada revela que o spread médio cobrado nos empréstimos para empresas subiu e atingiu 7,3 pontos porcentuais no quarto trimestre de 2008. O banco federal explica a alta pela ‘‘necessidade de maiores despesas com provisões para fazer frente a uma possível deterioração do cenário econômico no decorrer de 2009’’. Com o mesmo argumento, o banco aumentou o spread dos financiamentos agrícolas em 7,6%, para 5,6 pontos.
Diante da mudança do cenário gerada pela crise, o BB aumentou a reserva em caixa para fazer frente a uma eventual onda de inadimplência. Mas isso aconteceu no fim de janeiro de 2009 – após o período usado para o cálculo do balanço de 2008, portanto. No dia 23 de janeiro, o banco anunciou provisão extra de R$ 1,7 bilhão.
O balanço mostra, ainda, que o spread nas operações para as pessoas físicas seguiu tendência contrária, caiu 1,8% entre os dois trimestres e ficou em 21,6 pontos. Apesar da ligeira redução, o spread cobrado pelo BB nos financiamentos às famílias ainda é três vezes maior que o praticado nas operações feitas com empresas.
Segundo o Banco Central, o lucro do banco, as provisões contra calote, os impostos e o recolhimento compulsório junto à autoridade monetária são os principais componentes do spread bancário.
Margem maior
Ao aumentar a margem cobrada nos empréstimos, o BB garantiu maior lucratividade nessas operações. Segundo o balanço, o resultado financeiro dos empréstimos antes das provisões – a chamada ‘‘margem financeira bruta’’
– dos empréstimos às empresas saltou 25% entre os dois trimestres. Essa taxa de expansão foi praticamente duas vezes superior ao crescimento da carteira de crédito, que avançou 13,9% no período. No trimestre, o valor obtido como margem financeira nessas operações somou R$ 1,598 bilhão.
No financiamento ao agronegócio, a margem financeira obtida cresceu 10,2% entre os trimestres, para R$ 854 milhões. Novamente, esse desempenho foi maior que a evolução das operações de crédito, que avançaram praticamente a metade: 5,2%.
No segmento em que o BB não aumentou o spread bancário, o de pessoas físicas, aconteceu o contrário: a rentabilidade cresceu menos que o volume de empréstimos. No trimestre, a margem dessas operações aumentou 7,1%, para R$ 2,193 bilhões. Já o total de operações avançou 12,4%.