Durante reunião na manhã de hoje na Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), os pecuaristas que têm dinheiro para receber do Frigorífico Independência decidiram formar uma comissão para acompanhar a reativação da unidade em Nova Andradina, município a 292 quilômetros de Campo Grande.
Segundo o presidente da Famasul, Ademar Silva, os produtores querem garantias de que vão receber os cerca de R$ 46 milhões que o frigorífico deve aos fornecedores em Mato Grosso do Sul. “O pecuarista vive dias de angústia, trabalhou, vendeu os bois e não recebeu. A única saída para vermos este dinheiro é entrar no processo de recuperação judicial do Independência”.
Conforme Silva, a classe ainda quer garantias de que os calotes não volte a acontecer em um futuro próximo, já que o cenário do mercado de carne não é dos mais animadores, isso devido à crise econômica internacional.
Na proposta de reativação da unidade em Nova Andradina, ficou decidido que os bois que abastecerão o frigorífico serão pagos à vista. “Olha que situação. Eles vão parar de comprar dos antigos fornecedores, a quem devem, vão comprar de outros e pagar à vista. A coisa não está bem explicada. Queremos que a empresa diga: ‘devemos tanto e vamos pagar desta forma'”, destaca Silva.
O presidente da entidade disse ainda que não é possível saber se a reabertura do Independência é viável, já que a situação do mercado é muito difícil de ser analisada. “Não somos conta a reabertura da empresa”, frisa. “Na verdade gostaríamos que as outras unidades também voltassem a operar. Mas eles já mostraram que sem uma grande quantidade de dinheiro isso não será possível”, disse, ressaltando que em todo o país a empresa deve mais de R$ 3,1 bilhões.
Cláudio Garcete, pecuarista de Corumbá, é uma dos credores do frigorífico. Ele conta que espera há 90 dias pelo pagamento de 72 bois que vendeu para a unidade do Independência em Anastácio, qual foi fechada. “Eu me sinto frustrado”, desabafa.
Para o futuro
O professor da Esalq USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo), Sérgio Dezen, que estuda a cadeia da carne, fez uma explanação sobre saúde financeira dos frigoríficos.
Segundo ele, as empresas do ramo não têm capital próprio e que, no último trimestre de 2008, 86% do capital do Independência estavam nas mãos de terceiros. “Provavelmente esta crise pode afetar outras empresas”, alerta. “Para sair da crise o setor precisa de transparência responsabilidade e inovação”, destacou.