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Preço do milho ignora estiagem e segue abaixo de 2008

Apesar do clima seco, cotações do cereal seguem abaixo da média obtida no ano passado.

Mesmo sob os destroços da severa estiagem que afetou o Sul do país e Mato Grosso do Sul na temporada 2008/09, o preço do milho no mercado interno transita atualmente em patamar inferior ao registrado na mesma fase da safra que a antecedeu. O cenário é particularmente preocupante porque, como maléfica contrapartida, os custos para a produção do grão cresceram entre uma safra e outra.

Seria de se supor que as intempéries do clima em algumas das principais regiões produtoras de milho do país tivessem como resposta uma alta dos preços. Isso até ocorreu em janeiro – a seca afetou com mais força as regiões produtoras nos dois últimos meses de 2008 -, mas o avanço não se sustentou a ponto de levar o preço para níveis maiores que o da safra passada.

Em parte, credita-se essa realidade ao fato de a safra 2008/09 ter iniciado com estoques em demasia elevados. Isso teria ocorrido em função da expectativa de que, a exemplo do que ocorreu em 2007, as exportações brasileiras do grão fossem fortes no ano seguinte. Elevou-se a produção de milho de segunda safra, o “safrinha” por conta disso, mas a expectativa acabou frustrada.

As exportações foram fortes em 2007 em virtude da quebra da safra europeia naquele ano. “O Brasil exportou 11 milhões de toneladas em 2007 e esperava-se que o volume chegasse a 8 milhões, 9 milhões de toneladas no ano passado, mas as exportações foram de pouco mais de 6 milhões de toneladas. Isso gerou um excedente para o mercado interno”, afirmou Margorete Demarchi, técnica do Departamento de Economia Rural (Deral), ligado à Secretaria de Agricultura do Paraná.

O Estado, o maior produtor de milho do país, prevê que sua colheita na safra de verão tenha somado 6,1 milhões de toneladas, volume 29% menor que a previsão anterior, que era de 8,6 milhões, e 37% inferior à safra de verão da temporada 2007/08. que somou 9,7 milhões de toneladas. A safrinha, da qual foi colhida até o momento apenas 1% da área de cultivo, tende a repetir as 5,7 milhões de toneladas de 2008.

Também os problemas financeiros da agroindústria nacional impediram que o preço do milho avançasse após a quebra ocorrida entre o fim de 2008 e o início de 2009, avalia Paulo Molinari, analista da Safras & Mercado. “A liquidez desse mercado está muito complicada”, diz. O milho é matéria-prima base para a produção de ração animal.

Na média apurada pelo Deral na primeira quinzena deste mês, o preço recebido pelos produtores no Paraná foi de R$ 17,53, montante 12,9% menor que a média de maio de 2008. A média de maio é praticamente idêntica à apurada em janeiro, de R$ 17,56, a maior registrada neste ano.

Por ter presença limitada no mercado externo e ser cotado em reais na BM&FBovespa, o preço do milho sofre menos influência das cotações da bolsa de Chicago, referência internacional para a formação de preços agrícolas. Como comparativo, contudo, os contratos de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez) acumulam alta de 4,19% neste ano, na média, segundo o Valor Data. Ontem, os contratos para setembro subiram 4,50 centavos de dólar, para US$ 4,3525 por bushel.

Por sua vez, o preço da soja recebido pelos produtores no mercado paranaense cresceu 12,3% entre maio de 2008 e a primeira quinzena de maio deste ano, para R$ 45,91. “O dólar está mais alto agora que no ano passado, houve quebra de safra na Argentina e área de soja nos EUA não crescerá tanto quando se esperava”, afirma Otmar Hubner, chefe de conjuntura do Deral.