As cooperativas do Paraná planejam investir R$ 1 bilhão no ano safra 2009/10, que começa em julho. Apesar do atual cenário econômico mundial e da quebra na produção de grãos do Estado causada pela falta de chuvas, os grupos pretendem ampliar a estrutura de armazenagem e o parque industrial, com projetos que estavam em andamento e novos aportes. No período, estimam gerar 7 mil empregos. E não está nos planos reduzir as receitas. Pelo contrário. A meta é aumentar ou ao menos repetir o faturamento conjunto de R$ 22 bilhões de 2008, que foi 34% maior que o registrado em 2007.
Levantamento da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) mostra que, na agroindústria, deverão ser aplicados R$ 583,6 milhões. A grande aposta será na avicultura, que terá aportes de R$ 215,1 milhões. A suinocultura ficará com R$ 44,6 milhões, os lácteos com R$ 53,5 milhões e R$ 10,4 milhões irão para fábricas de rações. No setor agrícola há diversos projetos na lista, como maltaria (R$ 35,5 milhões), moinho de trigo (R$ 69 milhões), usina de álcool (13,4 milhões), torrefação de café e indústria de óleo (78 milhões), sucos de frutas (R$ 39 milhões) e fábrica de fertilizantes (R$ 12 milhões).
“Foi uma surpresa. Esperávamos investimentos menores, mas vimos que as cooperativas mantiveram os planos”, disse o presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski. “Não há razão para ficar parado”, complementou. A primeira vez que as cooperativas quebraram a barreira de R$ 1 bilhão em investimentos foi na safra 2007/08; no ciclo 2008/09, o montante chegou a R$ 1,27 bilhão.
Outra área que está merecendo a atenção das cooperativas é a de armazenagem: R$ 255,3 milhões serão investidos para ampliar a estrutura no Paraná e R$ 50 milhões vão ser aportados pelas cooperativas do Estado em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, onde elas estão se expandindo. Koslovski explicou que, com maior capacidade para carregar estoques, é possível negociar melhor o preço dos grãos. Além disso, setores considerados estratégicos também receberão aportes nos próximos meses, como as áreas administrativas e de tecnologia (R$ 26,2 milhões), geração de energia (R$ 26 milhões), proteção ambiental (R$ 22 milhões) e pesquisa (R$ 22,4 milhões), entre outros.
Entre os projetos em andamento estão os das cooperativas Coasul, Coagru e Cocari, que vão entrar no mercado de frango. Também estão previstos aportes na estrutura das que já atuam na avicultura, como C.Vale e Coopavel. Na opinião de Koslovski, a união de Perdigão e Sadia deve servir como estímulo às concorrentes. “A competição vai ser maior e isso exige o fortalecimento das cooperativas”, disse o dirigente.
Ele lembrou que as cooperativas respondem por 38% da agroindústria do Paraná e a meta é chegar a 50% em 2011. Ou seja, mais investimentos terão de ser feitos para que isso aconteça. E citou outros projeto em andamento, como a ampliação da Agromalte, da cooperativa Agrária, uma das maiores maltarias do país, e as postas da Coamo em margarina e na torrefação de café.
Nos últimos meses as cooperativas estavam quietas, observando o cenário econômico. Mas os resultados de janeiro a março trouxeram ânimo. “Se tivermos durante o ano o mesmo desempenho do primeiro trimestre, podemos repetir o faturamento do ano passado”, disse Koslovski, lembrando dados do mercado externo. No período, a redução das exportações das cooperativas paranaenses foi de só 0,9%. Em 2008, as cooperativas do Paraná exportaram US$ 1,4 bilhão, 37% mais que em 2007, e assumiram a liderança na área ao superar as paulistas.
Hoje, dirigentes de diversas cooperativas do Estado estarão em Curitiba para participar de uma reunião, e um dos temas da pauta é a ampliação de parcerias entre elas. “Estamos analisando em quais áreas podemos ter atuação compartilhada para reduzir custos”, explicou o presidente da Ocepar. A exemplo do que vem acontecendo com o consórcio de fertilizantes, criado no ano passado, as cooperativas planejam atuar em conjunto na área de transportes, logística, compra de insumos e outros itens que se mostrarem viáveis. Koslovski não acredita, no entanto, que dessas parcerias possam surgir fusões entre as cooperativas.