Redação (15/01/2009)- As perdas dos produtores com a forte seca na região Sul do país devem gerar novas medidas de ajuda do governo ao setor rural. Os ministérios da Fazenda, Desenvolvimento Agrário e Agricultura iniciaram as discussões sobre eventuais prorrogações de financiamentos de custeio pecuário e investimentos nos municípios em situação de emergência ou calamidade no Sul.
Os sinais estão cada vez mais evidentes, segundo o governo. O Banco Central contabiliza 27,8 mil comunicados de perdas de lavouras atingidas por problemas climáticos na atual safra 2008/09, iniciada oficialmente em julho do ano passado. A situação é mais grave no Paraná, que registrou 13 mil pedidos de indenização até ontem, e no Rio Grande do Sul, onde 11,8 mil operações têm perdas potenciais. Santa Catarina tem outros 2,6 mil pedidos registrados.
Na safra passada, foram 47 mil comunicados de perdas, sobretudo nas lavouras de milho do Rio Grande do Sul. A Secretaria Nacional de Defesa Civil, vinculada ao Ministério da Integração Nacional, recebeu a notificação de desastres climáticos em 42 municípios gaúchos e cinco catarinenses até a última terça-feira.
O governo avalia que será necessária alguma ação federal nos Estados do Sul, mas descarta a renegociação de dívidas de custeio agrícola, já que essas operações têm o amparo do seguro oficial de crédito (Proagro) ou de apólices individuais contratadas no ato da liberação dos recursos de custeio pelos bancos.
O Banco do Brasil, por exemplo, informa que 70% dos R$ 10,7 bilhões em custeios liberados à chamada agricultura empresarial tiveram a cobertura de um seguro rural. "Algum tipo de medida terá que ser tomada para aliviar perdas localizadas", admite o secretário de Agricultura Familiar do MDA, Adoniram Sanches Peraci.
O governo avalia que as perdas estão dentro da média das últimas safras, exceção feita aos 243 mil pedidos de indenização registrados no ciclo 2004/2005. O Banco Central registra a cobertura do seguro oficial em cerca de 700 mil operações a cada safra. Ainda assim, avalia que a velocidade das comunicações de perdas está acima da média dos últimos anos. As recentes chuvas de granizo ocorridas em Santa Catarina e no Paraná também preocupam parte do governo.
A situação climática no Sul do país, cuja probabilidade de seca está em 40% até março, segundo previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), deve elevar a quebra na produção brasileira de grãos, fibras e cereais. O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, admitiu nesta semana perdas acima da estimativa de 5% divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A piora da crise climática ocorreu justamente depois do fechamentos da previsão de safra feita pela estatal. A produção nacional deve recuar para níveis inferiores aos 131,5 milhões de toneladas registrados na safra 2006/07, avaliam analistas do mercado agrícola.